27 de abr. de 2010

Mal compreendido?

Explicações de assessor de Lula sobre direitos humanos não convencem


O deputado Antonio Carlos Mendes Thame (SP) não se convenceu com as explicações dadas pelo assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, a respeito de declarações dele e do presidente Lula sobre a morte do preso político Orlando Zapata Tamoyo. A pedido do tucano, Garcia esteve nesta terça-feira (27) na Comissão de Relações Exteriores. O petista alegou ter sido “mal compreendido” quando falou sobre o assunto.

À época da morte de Tamoyo em decorrência de uma greve de fome, as falas do presidente e do seu assessor internacional causaram mal estar. Garcia preferiu generalizar ao lembrar que “em todos os países há desrespeito a direitos humanos”. Já Lula defendeu o regime cubano e frisou que "greve de fome não pode ser utilizada como pretexto de direitos humanos". Hoje Garcia alegou que sua intenção era dizer que em todos os países há "denúncias de desrespeito" aos direitos humanos.

“As explicações dele mostram uma posição que o PT já tem há algum tempo: a de politização das questões relacionadas a relações externas. Eles seguem um padrão de apoio a essas 'pseudo-democracias' como Venezuela, Cuba e Irã”, observou Thame, ao lembrar que nessas nações há reiteradas violações dos direitos humanos.

Para o tucano, cada vez mais fica mais clara a falta de habilidade do atual governo com a política externa. “As relações exteriores sempre se pautaram por um extremo cuidado com as palavras e com as atitudes, porque elas são emblemáticas. Mas isso, definitivamente, não tem acontecido na gestão Lula”, assinalou Thame.

A comparação indevida de Lula
Preso desde 2003, Orlando Zapata Tamayo não resistiu ao 85° dia de greve de fome e morreu em Havana em fevereiro último. Ao comentar o episódio, Lula defendeu o governo cubano, comandado pelos "companheiros" Raul e Fidel Castro. O presidente brasileiro questionou: “Imagina se os bandidos presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade?". A comparação foi duramente criticada, até porque Lula já recorreu à greve de fome como instrumento de protesto.

(Reportagem: Rafael Secunho/Foto: Eduardo Lacerda)

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