14 de set. de 2010

Histórico de impunidade

Tucanos não confiam em investigação da Comissão de Ética da Presidência

Deputados do PSDB afirmaram nesta terça-feira (14) que a abertura de investigação na Comissão de Ética da Presidência da República para apurar as denúncias contra a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, não passa de uma manobra do governo para enterrar o caso. Os tucanos consideram o órgão incapaz de realizar qualquer tipo de apuração contra integrantes do governo do PT e recordam que todos os casos investigados pela comissão acabaram enterrados sem nenhuma explicação aceitável.

O deputado Raimundo Gomes de Matos (CE) ressalta que o grupo é formado por pessoas indicadas pelo próprio presidente da República e, portanto, não possui nenhuma imparcialidade para investigar o alto escalão do governo federal. Além disso, a comissão tem vinculação legal com a própria Casa Civil, cuja titular está sob investigação. “A comissão é nomeada por quem? Sempre que há um fato como esse se resolve colocar o caso para essa comissão que demora a investigar, não conclui as apurações e quando termina não faz satisfatoriamente”, afirmou o tucano.

Para o deputado José Aníbal (SP), a comissão não passa de uma "piada", pois é usada de acordo com a vontade do presidente. “Nas mãos do presidente Lula ela é uma piada. Ele faz o que quer e a comissão faz a vontade dele. Ele está se achando um tiranete que pode ditar suas vontades, mas vai quebrar a cara porque hoje o Brasil é uma democracia e não vai aceitar atitudes como essa”, criticou.

Os deputados concordam com a jornalista Dora Kramer, colunista no jornal "O Estado de S.Paulo", que classifica a comissão como "uma das maiores inutilidades da República". Em artigo publicado hoje (14), Dora lembra do último caso remetido para o órgão e seu desfecho. Foi o do então secretário Nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior. O secretário reprimia publicamente a pirataria, mas era amigo íntimo do rei desse tipo de crime em São Paulo, segundo investigações da própria Polícia Federal (PF). Resultado: ninguém mais ouviu falar da apuração, apesar de Tuma Júnior ter se afastado do cargo.

Também foi nessa comissão que se abafou o caso do assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia, filmado fazendo gestos obscenos no Palácio do Planalto para comemorar uma versão sobre falha técnica que teria ocasionado o desastre da TAM na pista do Aeroporto de Congonhas, em 2007. O conflito de interesses contido na dupla jornada de Carlos Lupi na presidência do PDT e no posto de ministro do Trabalho também não foi explicado até hoje pelo órgão da Presidência da República.

Diante de casos como esses, Aníbal e Gomes de Matos também acreditam que não há nenhuma intenção de se realizar uma investigação isenta, pois o presidente Lula usa a comissão para proteger seus apadrinhados. “Não só é possível que nada aconteça com o filho dessa ministra, como é importante dizer que a matriz disso tudo é o presidente Lula, um homem perigoso para a democracia e consequentemente para a vida pública”, alertou Aníbal.

Gomes de Matos também atribuiu a Lula a coresponsabilidade pelos escândalos, já que os envolvidos nas denúncias sempre são seus subordinados diretos, ligados ao seu partido e indicados por ele para os cargos mais altos do governo. "O governo Lula vem invertendo posições e não assumindo suas responsabilidades. E isso não é de agora. Não é só questão política, é questão de ética”, condenou. (Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Eduardo Lacerda)

Ouça aqui o boletim de rádio

Nenhum comentário: