No dia 19 de novembro de 2007, o Conselho Tutelar de Abaetetuba denunciou ao Ministério Público e ao Juizado da Infância e da Adolescência a situação de uma garota de 15 anos, mantida durante 26 dias na delegacia do município paraense junto com detentos em uma cela masculina. Ontem, dois anos e meio após o fato ter se tornado um escândalo nacional, a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PT), decidiu exonerar quatro dos cinco delegados responsáveis pela prisão ilegal da adolescente.
O deputado Nilson Pinto (PA) acredita que a decisão foi tomada só agora porque as eleições estão próximas. “Se fosse uma decisão com o interesse de fazer justiça, em punir os culpados por um crime, já teria sido feita há mais tempo. Isso tem claramente objetivo eleitoreiro”, avaliou o tucano nesta quinta-feira (5).
Segundo o deputado, a governadora do seu estado está justamente mal avaliada por conta do péssimo trabalho realizado na área de segurança pública. “Ela só fez isso para tentar tapar o sol com a peneira na véspera da eleição e atenuar a imagem negativa que tem e que teve nesse episódio”, reiterou.
O senador Flexa Ribeiro (PA) também criticou a omissão da governadora no momento em que ocorreu o fato. De acordo com o parlamentar, a Justiça deve ser feita mesmo que tardiamente, mas as providências de quem tem responsabilidade pela gestão da segurança pública precisam ser tomadas logo após a divulgação do caso.
“A governadora, além de incompetente, é omissa. Dessa forma, não há como administrar um estado. Ela deveria ter demonstrado naquela ocasião que existe autoridade no Pará e ter tomado as medidas necessárias na hora”, concluiu.
Marcas do cárcere
Marcas do cárcere
→ Segundo reportagem do jornal “Folha de S. Paulo”, ao longo dos últimos dois anos e meio, a trajetória da adolescente ficou marcada por fugas, pequenos furtos e episódios de prostituição para bancar o vício em crack.
→ De acordo com matéria do jornal “Diário do Pará”, enquanto esteve na prisão em Abaetetuba, a adolescente passou fome e "sofreu abuso sexual, ameaças, agressões físicas e maus tratos”. (Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Eduardo Lacerda)
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