28 de abr. de 2010

Fatura salgada

Passividade e incompetência do governo encarecem banda larga no país

O governo federal tem grande parcela de responsabilidade pelo alto preço do acesso à banda larga no país - 10 vezes mais cara que em países desenvolvidos. Essa é a conclusão dos deputados Duarte Nogueira (SP) e Rogério Marinho (RN) após analisarem os dados de uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre o tema.

Divulgado nesta semana, o levantamento aponta, entre as principais causas dessa defasagem, a falta de infraestrutura e de competição e o alto peso dos impostos. Para os tucanos, esses problemas já poderiam ter sido solucionados se houvesse competência e boa vontade do Palácio do Planalto.

No último ano, os gastos com banda larga pesaram no bolso de quem utiliza o serviço: cerca de 5% da renda mensal foram direcionados para essa finalidade. Para Duarte, esse é um problema que afeta até mesmo o desenvolvimento do país, pois o alto preço limita o acesso e impede que parcela significativa da população tenha acesso à vasta quantidade de informação disponível na rede.

“O grande desafio é preciso promover um ambiente de competição e, assim, oferecer mais serviços a preços mais acessíveis. Mas, infelizmente, não vemos avanços em virtude da conduta do atual governo. Não há boa vontade e nem capacidade gestora para fazer com que tudo isso aconteça”, criticou o vice-líder tucano.

Para Marinho, a solução para esse problema só surgirá a partir do momento em que o governo agir com mais rigor. “A sociedade está sendo penalizada pela falta de competitividade e pelo tratamento dado a determinadas empresas por motivos que só o Planalto conhece. É necessário que haja mais transparência, e o governo precisa cumprir seu papel de fiscalizador”, cobrou.

Cara e inacessível
Além de custar 10 vezes mais que nos países desenvolvidos, a banda larga ainda tem alcance restrito no Brasil. Na região Nordeste, por exemplo, a internet de alta velocidade chega a menos de 15% dos domicílios.

Semeghini: plano deve incentivar competição e qualidade
Apenas no final do governo, o Planalto anunciou o lançamento de um Plano Nacional de Banda Larga para tentar expandir o acesso a um baixo custo. Para o deputado Julio Semeghini (SP), para que isso ocorra essa iniciativa deverá, necessariamente, estabelecer critérios de competitividade e qualidade dos serviços prestados. Especialista no setor de telecomunicações, o tucano alerta que o debate com a sociedade civil sobre o assunto está atrasado em pelo menos cinco anos.

“Demoraram muito para tratar do plano e quando resolveram fizeram de forma equivocada. O que o brasileiro quer é o acesso à banda larga, com uma qualidade melhor e de forma mais barata. Espero que esse plano seja apresentado rapidamente ao Congresso para que possamos contribuir e assegurar que o brasileiro tenha o acesso à internet banda larga a um preço acessível e com a qualidade, velocidade e cobertura ideais”, afirmou. (Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Eduardo Lacerda)

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