6 de out. de 2009

Entrevista

Sucesso em Honduras mostra força da diplomacia parlamentar, diz Bruno Araújo


As conquistas obtidas em Honduras semana passada mostram que a diplomacia parlamentar é uma alternativa real quando os canais tradicionais estão obstruídos ou não podem atuar como deveriam. A avaliação é do deputado Bruno Araújo (PE), que participou de missão oficial da Câmara em Tegucigalpa para acompanhar de perto a crise política do país e assegurar a integridade da Embaixada brasileira.

Nesta entrevista exclusiva ao "Diário Tucano", ele destacou as conquistas obtidas durante a viagem de dois dias e defendeu o diálogo como melhor caminho para solucionar a crise política.

Qual é o balanço da viagem a Tegucigalpa?
O objetivo principal da missão foi cumprido com êxito. Inclusive reunimos um material com dezenas de jornais de todo o mundo repercutindo de forma positiva a nossa ida a Honduras. A viagem teve a intenção de quebrar uma relação diplomática obstruída entre os dois países.

O efeito principal era tirar do isolamento a comunidade brasileira, que estava sendo retaliada devido a participação do Brasil no conflito. Isso foi nitidamente atenuado. Outras conquistas foram obtidas, como a reconexão dos telefones da embaixada brasileira, a garantia aos nossos diplomatas de poder sair e retornar do local e também a de que não ocorrerá a invasão ao prédio. Tudo isso mostra que a diplomacia parlamentar é uma alternativa quando os canais diplomáticos estão obstruídos.

Quais foram as principais dificuldades durante a missão?
Sair do Brasil para ir a Honduras. Houve uma grande reflexão para que isso não se transformasse em um problema ou deslize político. Mas, felizmente, o que vimos foram os cumprimentos da população de Honduras no sentido de que aquela era a primeira missão estrangeira a ajudar nesse tipo de interlocução.

Qual é a sua avaliação política do conflito, já que a comissão ouviu tanto o presidente deposto quanto o presidente de fato?
Minha visão pessoal é que há inconstitucionalidade no afastamento. Ocorreu ali um crime, uma ilegalidade na deportação do presidente Manuel Zelaya para outro país, e a partir daí a comunidade internacional o isolou. Faltou um pouco de cautela, apesar de termos visto nitidamente que as instituições funcionaram. O presidente Zelaya descumpriu uma série de dispositivos legais e ordens judiciais. Mas o importante agora é convergir no sentido de buscar o diálogo, que é o melhor caminho para reconstruir a normalidade em Honduras. (Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: Eduardo Lacerda)

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