21 de jul. de 2009

Jovens em risco

Políticas sociais para reduzir preconceito racial e
violência contra jovens negros

Adolescentes do sexo masculino e negros são alvo privilegiado da violência no Brasil. A afirmação não é nova – várias pesquisas ligando gênero e violência já detectaram esta relação, no Brasil e no mundo. Nesta terça-feira (21) foi a vez da ONG Observatório de Favelas divulgar dados que reforçam a necessidade de políticas públicas que reduzam o nível de preconceito racial da sociedade brasileira.

De acordo com a entidade, em comparação aos jovens brancos, rapazes negros correm quase o triplo do risco de serem assassinados no Brasil (2,6). O estudo aponta ainda que os adolescentes do sexo masculino são ainda mais mais vulneráveis que as mulheres, na faixa etária entre 12 e 18 anos: o risco de serem assassinados é 12 vezes maior se comparado ao das meninas.

Para o deputado Eduardo Barbosa (MG), membro da Comissão de Seguridade Social da Câmara dos Deputados, os números alertam para um mal difícil de ser dirimido: o preconceito racial.


“Logicamente que parte dessa questão reflete problemas sócio-econômicos, mas não tenho dúvida de que a questão racial está fortemente relacionada com a violência. A discriminação racial é algo real e extremamente forte na sociedade brasileira. Esses grupos sofrem e, infelizmente, isso não é falado ou sequer admitido”, afirmou o tucano (foto).


O parlamentar citou pesquisa divulgada há um mês que evidencia o elevado grau de preconceito nas escolas públicas brasileiras. Intitulada Preconceito e Discriminação no Ambiente Escolar, o estudo revelou que 99% das pessoas que frequentam o ambiente escolar preferem manter distância de algum grupo social – os negros foram apontados por 90% dos entrevistados.

Os pesquisadores do Observatório de Favelas estimam que, apenas no Rio de Janeiro, 3.423 adolescentes sejam assassinados entre 2006 e 2012. As capitais devem concentrar 15.715 das mais de 33 mil mortes estimadas para o período nas cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes.
(Reportagem: Regina Bandeira / Foto: Eduardo Lacerda)


2 comentários:

Marco Aurélio disse...

Infelizmente desde que o mundo é mundo há preconceito que vai além do racismo, pois a raça é uma só: humana.
Há a imposição do mais forte e mais rico sobre o mais pobre e fraco. Não há na estrutura políca brasileira programas de verdadeiro desenvolvimento das regiões pobres.Não há programas de ocupação para os jovens nessa idade de 12 a 18 anos, pois a lei diz que são crianças e não podem trabalhar, com isso ficam pelas ruas, na escola da marginalidade e o resultado é essa triste projeção.
Há solução? Lógico que há , mas se não houver vontade políca, ou seja , competência, continuaremos no mesmo caminho.

Unknown disse...

Os dados apenas corroboram a noção intuitiva daqueles que acompanham com alguma sensibilidade a realidade social brasileira.
Nada obstante, apesar de o simples bom-senso apontar na direção dos resultados, os números surpreeendem pela sua expressão, sobretudo em alguns de seus contornos.
Trata-se de constatações que precisam ser trabalhadas nos seus componentes culturais, a fim de agilizar o processo de mudança de atitudes, que, caso contrário, tende a se tornar mais demorado.
Em resumo, nem tudo se resolve com auxílio financeiro e melhora do nível de escolarização, como meios de ampliar as possibilidades de ascensão social.
Gerson José