Estudo da Assessoria Técnica da Liderança do PSDB na Câmara apontou os nove principais problemas criados pelo governo ao modificar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), lançado pela gestão FHC em 1998, e ao implantar o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) como nova forma de os estudantes ingressarem no ensino superior. Além do cancelamento das provas em outubro de 2009, da alta abstenção e dos erros no gabarito, a assessoria apontou outros problemas que o governo teve ao fazer uma reformulação radical na avaliação.

A senadora Marisa Serrano (MS) compartilha do mesmo ponto de vista: faltou planejamento e infraestrutura no processo de mudanças. O resultado, lembrou a parlamentar, foram problemas de informática, logística, segurança, elaboração de conteúdos, divulgação do gabarito e correção da prova. “O novo Enem passou a ter quatro provas e uma redação. Com esse tamanho, os participantes mal tinham tempo de ler o enunciado, quanto mais de responder as questões”, assinalou em plenário.

Para se ter uma ideia, das 58 universidades federais no Brasil, apenas 23 aderiram ao Sisu – ou seja, menos da metade. As deficiências do sistema já são conhecidos pelas instituições e pelos alunos: centenas deles não conseguiram fazer a inscrição para entrar na faculdade devido à lentidão no sistema.
O próprio ministro Fernando Haddad (Educação) reconheceu que o Enem foi um “trauma violento” para a sua pasta. Para Marinho, a forma de ingresso no 3º grau precisa ser alterada, mas de forma bem diferente da que vem sendo conduzida. “O vestibular há tempos não aponta quem está qualificado ou não para entrar para o 3º grau. Precisamos de mudanças, o que significa também uma total reforma do ensino médio no Brasil”, concluiu o deputado. (Reportagem: Rafael Secunho/Fotos: Eduardo Lacerda e Ag. Senado)