16 de dez. de 2009

Justificativas vazias

Explicações de ministro sobre apagão não convencem

Em audiência pública promovida nesta quarta-feira (16) pelas comissões de Fiscalização e Controle, Minas e Energia e Desenvolvimento Econômico, o deputado Vanderlei Macris (SP) considerou simplistas e insuficientes as explicações dadas pelo ministro Edison Lobão e pelo diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Hermes Chipp, sobre o apagão que atingiu 18 estados em 10 de novembro.

Sociedade insegura - O tucano lembrou que a justificativa oficial de que condições climáticas adversas teriam causado o blecaute já tinha sido contestada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Durante a audiência, tanto Lobão quanto Chipp voltaram a atribuir o problema ao mau tempo.

“Tentaram apresentar justificativas técnicas sobre a queda de raios e mudanças climáticas ocorridas naquele dia, mas não convenceram. Não há embasamento algum para isso e desde o início sabemos que essa explicação não corresponde a realidade dos fatos”, refutou Macris.

De acordo com o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zirmermann, é possível que os fenômenos climáticos tenham ocorrido sem serem registrados pelo sistema de identificação de raios.

Mas para Macris, a falta de manutenção em equipamentos pode ser o real motivo do apagão.
“Ouvimos explicações simplistas e o próprio diretor do ONS demonstrou que há razões para não acreditarmos nas justificativas apresentadas. Ele admitiu a necessidade de melhor manutenção de equipamentos e de medidas adicionais que precisam ser tomadas em relação ao desempenho de isoladores, como a utilização de graxa e revestimentos de silicone”, afirmou.

Segundo Macris, a presença de Lobão e dos demais convidados foi importante, mas infelizmente nada acrescentaram, já que as justificativas são as mesmas dadas no princípio. “A sociedade continuará insegura em relação à segurança do sistema elétrico no país, pois as explicações não convencem. É provável que a falta de manutenção tenha sim causado o problema”, apontou.

O deputado Albano Franco (SE), que assim como Macris foi autor do requerimento para a realização da audiência pública, aproveitou a presença de Lobão na Câmara para apelar pelo aumento da vazão da barragem de Xingó, no rio São Francisco, entre Sergipe e Alagoas.

Há cerca de dois meses, visando tirar da ociosidade as usinas termoelétricas no Nordeste, o ONS propôs a redução da vazão da barragem. No entanto, segundo o tucano, isso pode comprometer o abastecimento de boa parte da população sergipana, além de causar deterioração ambiental na calha do rio. “Espero que o ministério dê atenção a situação, pois o São Francisco pede socorro”, afirmou. (reportagem: Djan Moreno/Foto: Du Lacerda)

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