Integrante da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, o deputado Renato Amary (SP) criticou nesta sexta-feira (29) a diferença de postura do governo brasileiro em relação à recente crise em Honduras e ao momento turbulento enfrentado pela Venezuela.
Quem cala, consente - Com a ambição de ocupar a posição de líder regional, no episódio hondurenho o Itamaraty apresentou um comportamento enfático e se posicionou contra a deposição do ex-presidente Manuel Zelaya. Por outro lado, não se posicionou e assiste calado a mais um pacote de medidas autoritárias adotadas por Hugo Chávez no país vizinho.
“Já esperava que o governo venezuelano fosse tomar o caminho de adotar medidas equivocadas na política econômica e ainda por cima tenta calar a imprensa. Mas pelo antigo apoio que Lula vem dando a Chávez, certamente ele não vai falar nada e optará pela omissão. Mas quem cala, consente”, destacou Amary.
O Brasil mantém distância da crise no país vizinho mesmo após Chávez ter adotado medidas consideradas autoritárias, como a suspensão do sinal de seis emissoras de TV a cabo e o controle de preços. Os canais foram perseguidos somente porque não transmitiam discursos do presidente. Já a economia local mergulha na crise com a bruta desvalorização da moeda nacional, o que tem aumentado a inflação, hoje a maior do continente sul-americano. Além disso, o presidente ordenou um desastrado racionamento de energia no país e nacionalizou uma rede de supermercados francesa.
Antes do agravamento da crise, em várias oportunidades o presidente Lula já havia defendido Chávez. No cenário atual, o Itamaraty alega se tratar de uma questão interna que cabe ao povo venezuelano resolver. No entanto, esse argumento não foi usado no caso hondurenho.
“O governo brasileiro tem de rever com urgência sua posição em relação à Venezuela. Fui totalmente contra a inclusão desse país no Mercosul durante as discussões na Comissão de Relações Exteriores. Até mesmo porque é impossível controlar a economia de uma nação com base em procedimentos autoritários. Lá já não existe mais mercado livre”, apontou. “Só mesmo o Lula para achar o presidente Chávez democrático”, acrescentou Amary.
A postura de omissão é, de fato, bem diferente da forma como o Brasil agiu no conflito hondurenho. Além de se declarar contra a saída de Zelaya, ofereceu abrigo a ele por mais de três meses na embaixada brasileira. Isso motivou críticas de especialistas, já que o presidente deposto usou o prédio como um verdadeiro escritório político.
O Brasil também condenou as eleições – realizadas de forma limpa e transparente - e não reconhece o novo presidente, Porfírio Lobo, empossado nesta semana. Na opinião do diplomata Botafogo Gonçalves, o país vai perder influência nas Américas se continuar com a atual política nas relações internacionais. (Reportagem: Rafael Secunho/Foto: Ag. Câmara)
Um comentário:
Parabéns deputado Amary, realmente precisamos cobrar coerência da nossa diplomacia e expor as contradições desse governo caludicanta que é o coverno Lula.
Rosalvo Salgueiro
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