Parlamentares do PSDB receberam com desconfiança o anúncio do acordo firmado entre Brasil, Irã e Turquia a respeito do programa nuclear iraniano. Os tucanos alertam que a iniciativa tocada pelo regime islâmico de Mahmoud Ahmadinejad não tem fins pacíficos e o pacto fechado entre os três países é insuficiente para evitar a imposição de novas sanções por parte da Organização das Nações Unidas (ONU).
Os Estados Unidos e autoridades europeias também receberam o anúncio com ceticismo. A Casa Branca diz estar "seriamente preocupada" com o programa nuclear iraniano, apesar do pacto. Já a União Europeia considera que o acordo “não resolve o problema fundamental” deste programa: a falta de clareza a respeito de seus objetivos.
Integrante da Comissão de Relações Exteriores, o deputado Renato Amary (SP) afirmou que não houve vitória alguma, como tenta propagar o Itamaraty. “O acordo não foi feito nas condições esperadas pela comunidade internacional e ficou descaracterizado, pois o objetivo era que o Irã parasse de produzir o urânio”, alertou. O tucano lembrou ainda que a Organização de Energia Atômica do Irã deixou claro: seu país continuará enriquecendo urânio a 20%.
O deputado Bruno Rodrigues (PE) também vê o acordo com “total desconfiança”. “Vitória de quê? Mais uma vez a diplomacia brasileira errou, como vem se equivocando constantemente”, criticou. O tucano defendeu uma fiscalização firme para que seja cumprido rigorosamente pelo menos o que foi acertado.
Presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Eduardo Azeredo (MG) afirmou que existe o risco de o Brasil ser usado pelo Irã para continuar o programa de enriquecimento de urânio e ganhar tempo na ONU. Para ele, é preciso analisar os termos do acordo para avaliar as consequências. “Há de se ter muita cautela”, ponderou. Os termos do acerto serão submetidos à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e aos demais integrantes do Grupo de Viena (EUA, França, Alemanha, Russia e Reino Unido).
Preocupação com uso militar do urânio
→ O anúncio desta segunda-feira (17) foi patrocinado por Brasil e Turquia, enquanto potências internacionais, lideradas pelos EUA, defendem uma quarta rodada de sanções contra o Irã no Conselho de Segurança da ONU. As potências acusam o regime comandado por Mahmoud Ahmadinejad de esconder informações sobre o programa nuclear e temem intenções militares a partir do enriquecimento de urânio.
(Reportagem: Alessandra Galvão/ Fotos: Eduardo Lacerda)
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