27 de jul. de 2010

Economia

Déficit externo recorde é insustentável, alerta Hauly

Com a crescente remessa de lucros e dividendos para o exterior e a falta de estímulo à exportação, o saldo das transações correntes, que mede o desempenho das compras e vendas de bens, rendas e serviços do Brasil com o resto do mundo, fechou o primeiro semestre do ano com déficit de US$ 23,762 bilhões, pior resultado desde 1947.

“Esse déficit é insustentável”, avalia o economista e deputado Luiz Carlos Hauly (PR). Ele teme um ajuste desequilibrado da taxa de câmbio e, consequentemente, uma desaceleração da economia. “Os problemas estavam sendo apontados – elevada taxa de juros, falta de incentivo à exportação e excesso de gastos públicos – e nenhuma providência foi tomada”, afirma. “A conta, novamente, vai sobrar para o contribuinte”

O saldo em transações correntes passou de um cenário favorável ao alerta, na análise do deputado Luiz Paulo Vellozo Lucas (ES). Iniciou a década, em 2001, com déficit equivalente a 4,19% do Produto Interno Bruto. No entanto, conforme constata o tucano, em função da política econômica do governo Fernando Henrique Cardoso - como controle de inflação, câmbio flutuante e meta fiscal -, a conta passou a ter superávits.

A partir de 2008, os números voltaram a experimentar déficits. "Podemos verificar erros na condução da política econômica do PT. O país tem elevada taxa de juros, fazendo com que as exportações percam competitividade. Assim, as transações correntes voltaram a ser negativas", conclui Vellozo Lucas.

Contas deterioradas
Só em junho, o déficit em transações correntes ficou em US$ 5,180 bilhões, o pior para o mês desde o início da série histórica, segundo o Banco Central. Em junho do ano passado, o saldo negativo foi bem menor, de US$ 575 milhões. A autoridade monetária prevê fechar o ano com déficit de 2,49% do Produto Interno Bruto (PIB).

As contas externas já vinham dando sinais de deterioração. Um mês antes o saldo negativo havia sido de US$ 1,988 bilhão – número revisado. E em abril, ficou no vermelho em R$ 4,58 bilhões, valor recorde para o período. Os dados são do BC.

(Da redação com Ag. Tucana/Fotos: Eduardo Lacerda)

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