A revelação de que mais um filiado ao PT se envolveu na quebra ilegal de sigilo de tucanos comprova a motivação eleitoral da operação. A afirmação foi feita nesta segunda-feira (6) pelo deputado Walter Feldman (SP). Gilberto Amarante, analista tributário da Receita Federal, acessou dez vezes os dados fiscais do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, em Formiga (MG). Ele é filiado ao PT desde 2001, como comprova cadastro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Para Feldman, os novos fatos reiteram os alertas que o PSDB vem fazendo desde o início do escândalo. “É a confirmação da existência de uma rede de conspiração no processo eleitoral, quebrando o sigilo fiscal, deixando o país em uma situação de insegurança total e demonstrando uma confusão absoluta entre os papéis de governo e Estado, algo inaceitável do ponto de vista da segurança legal para o nosso país”, criticou. Ainda segundo o tucano, a Receita Federal atuou não somente de forma conivente com a campanha do PT, mas também de maneira leviana.
Ao jornal “O Globo”, o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), também afirmou que o episódio é uma operação ampla para favorecer o PT e tentar intimidar a oposição. "Essa eleição está seriamente afetada por essa questão de quebras sucessivas de sigilo”, alertou o tucano.
Reprodução de documento do Serpro, serviço de processamento de dados do governo, mostra que todos os acessos ao CPF de Eduardo Jorge ocorreram no mesmo dia: 3 de abril de 2009, durante 41 segundos entre a primeira e a última entrada, seis meses antes de servidores da Receita em Mauá (SP) devassarem as declarações de Renda de Eduardo Jorge e de outros tucanos.
Além de Gilberto Amarante, o assessor contábil que entregou à Receita uma procuração falsa em nome de Verônica Serra, filha do candidato tucano à Presidência, José Serra, também assinou ficha de filiação ao PT. Antônio Carlos Atella Ferreira é cunhado de um dos fundadores do partido em Mauá e se tornou um militante em outubro de 2003.
Segundo Walter Feldman, fica claro o envolvimento do PT, dada a facilidade de acesso aos dados sigilosos de Eduardo Jorge. “Parece que não há nenhum tipo de proteção, mostrando não apenas uma conivência, mas uma leviandade no trato da segurança de todos os brasileiros, e não apenas os tucanos”, alertou.
O deputado afirmou que o rastro petista não está somente na Receita Federal, mas em toda a estrutura do Estado. “É nossa tarefa mostrar que esse rastro petista não está apenas na Receita Federal. Existe um processo de encrustamento da máquina petista dentro da estrutura do Estado, o que preocupa muito em relação a novas ações. Os brasileiros devem ficar atentos para impedir que isso aconteça”, frisou Feldman.
O tucano criticou ainda a omissão do Palácio do Planalto diante dos fatos. “O presidente Lula questiona quem é esse tal de sigilo fiscal, como se fizesse escárnio de um problema tão grave. Como maior autoridade do país, ele deveria fazer cumprir a Constituição, e não colocar-se à parte desse processo, algo absolutamente inaceitável”, reprovou.
Dados podem ter sido consultados também em outros órgãos
→ O relatório que detectou as consultas ao CPF de Eduardo Jorge foi produzido pelo Serpro, serviço de processamento de dados do governo, no dia 27 de julho. Foram encontradas ainda consultas ao CPF do tucano feitas por terminais da Polícia Federal, Banco Central e Ministério Público.
(Reportagem: Alessandra Galvão/Foto: Eduardo Lacerda)
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