17 de set. de 2010

Balcão de negócios

Tucanos atribuem venda de dados sigilosos por servidora da Receita a maus exemplos vindos de cima

Deputados tucanos avaliaram nesta sexta-feira (17) que a atitude da servidora da Receita Federal de receber dinheiro para repassar dados fiscais sigilosos aconteceu devido ao comportamento antiético e aos escândalos produzidos ao longo da gestão do PT. “O presidente dá maus exemplos. O governo dá mau exemplo, a ministra e a ex-ministra dão maus exemplos. Já era de se esperar que a servidora, vendo tantas impunidades e falcatruas, caia nessa infração gravíssima”, afirmou o deputado Luiz Carlos Hauly (PR).

Para o tucano, é lamentável que uma servidora pública se comporte de maneira tão “leviana”. Adeildda dos Santos confirmou ontem (16) em depoimento à Polícia Federal o recebimento de "agrados financeiros" de contadores para repassar dados fiscais sigilosos ilicitamente. No computador da servidora foi quebrado o sigilo de Eduardo Jorge, vice-presidente do PSDB, e de outras pessoas ligadas ao partido.

De acordo com entrevista de Adeildda ao jornal "Folha de S.Paulo", foram feitos acessos irregulares sem autorização aos dados de 2.900 pessoas. A servidora também confessou que recebia entre R$ 50 e R$ 100
por consulta.

Para Hauly, a confissão da funcionária revela a existência de um verdadeiro "balcão de negócios" dentro do Fisco. Mas na avaliação do deputado, Adeildda é apenas um bode expiatório desse crime, pois em entrevista ao jornal ela assumiu que a maior parte das demandas eram feitas pelo seu chefe, Julio Bertoldo.

Segundo a servidora, era ele quem passava a ela papéis com números de CPFs para o recolhimento dos dados. “Ela é o bagrinho dessa história. O tubarão é o presidente da República. Ele é a baleia jubarte do desmando e da incompetência da vida pública brasileira”, afirmou o tucano.


Assim como Hauly, o deputado Raimundo Gomes de Matos (CE) acredita que há outras pessoas agindo por intermédio da servidora. O parlamentar afirmou que se a Polícia Federal começar a investigar mais profundamente poderá descobrir quem são os verdadeiros interessados nos dados sigilosos violados de pessoas ligadas ao PSDB.

Para Gomes de Matos, é "visível" que há interesse político neste caso e a servidora deve ter recebido ordens de alguém com maior hierarquia dentro da Receita Federal. (Reportagem: Renata Guimarães / Fotos: Eduardo Lacerda)

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