21 de set. de 2010

Sujeira para debaixo do tapete

Intervenção nos Correios é só para proteger candidata petista, afirma Diaz

O deputado Cláudio Diaz (RS) afirmou nesta terça-feira (21) que a intervenção do governo federal na direção dos Correios aconteceu apenas para evitar que os escândalos envolvendo a instituição atinjam a candidata do PT à Presidência. Segundo o tucano, não há interesse do Planalto em melhorar a imagem e a administração da estatal, mas apenas a intenção de interferir no processo eleitoral.

Ontem (20) o presidente Lula interrompeu as férias do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e cobrou dele providências para estancar a crise na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). A ideia é fazer com que o ministro comande uma operação pente-fino na estatal para apagar o foco de tensão política que pode respingar na campanha de Dilma Rousseff.

“O PT sabe da barbaridade que fez com a administração pública brasileira e da corrupção no governo deles. Eles não vão fazer nada e continuarão da mesma forma: fingindo que fazem e jogando para debaixo do tapete”, apontou Diaz, presidente do PSDB-RS.

Ao lado da então ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, o ministro Paulo Bernardo foi quem recomendou a Lula a troca de comando nos Correios. As alterações no primeiro escalão ocorreram no final de julho. No entanto, a crise administrativa que afetava a estatal aumentou.

De acordo com o deputado, o governo Lula iniciou uma "verdadeira destruição" dos Correios com o mensalão e continua apagando a imagem de um órgão que era, segundo o parlamentar, um dos ícones da administração pública brasileira. “É um governo que começou de forma melancólica com o mensalão e termina da mesma forma com o 'Dilmaço'”, apontou.

Denúncias de tráfico de influência, cobrança de propina e corrupção na Casa Civil e na ECT derrubaram Erenice e o novo diretor de Operações da estatal, Eduardo Artur Rodrigues Silva, conhecido como "coronel Quaquá". A demissão de Arthur ocorreu 24 horas depois de o jornal "O Estado de S.Paulo" revelar que ele era testa de ferro do empresário argentino Alfonso Conrado Rey na empresa Master Top Linhas Aéreas (MTA).

A MTA também é o pivô da queda de Erenice. A empresa aérea possui quatro contratos de transporte de cargas com os Correios no valor de R$ 59,8 milhões. Apesar das acusações de irregularidades e tráfico de influência envolvendo a companhia, os Correios vão manter os contratos com a MTA. A empresa é a única com permissão para fazer transporte de cargas de terceiros nas rotas de entrega da estatal, o que torna a operação mais lucrativa.

O coronel Quaquá era ligado à MTA e, segundo denúncia também do "Estadão", estaria atuando para transformar a empresa na transportadora de carga aérea oficial dos Correios após as eleições. Isso somente seria possível com a edição de uma medida provisória transformando a ECT em sociedade anônima.

Para Diaz, a manutenção dos contratos com a empresa, mesmo depois das denúncias de irregularidades, revela a soberba do governo federal nesse escândalo. “Eles se acham acima de tudo, inclusive da lei. Todos os órgãos federais estão com problemas graves de gestão, de corrupção, de ética e de incompetência”, criticou o tucano. (Reportagem: Djan Moreno/Foto: Ag. Câmara)

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