Lula faz populismo pré-eleitoral ao prometer erradicar miséria, afirma Zenaldo Coutinho
O presidente Lula afirmou que "ainda esta década" o país deve erradicar "totalmente" a miséria, além de se converter da oitava para a quinta maior economia do mundo. A previsão foi publicada na coluna semanal "O Presidente Responde", informativo distribuído pelo Palácio do Planalto. Para o deputado Zenaldo Coutinho (PA), essa promessa parece mais um "populismo pré-eleitoral" do que uma projeção séria de um governo em fim de mandato.
Na avaliação do tucano, os números do próprio governo não levam a essas conclusões. “Temos muitos desafios para reduzir a miséria. Eliminá-la em 12 anos é uma meta insuperável. Primeiro é preciso priorizar a qualidade de vida do povo e investir mais na saúde que está um caos no país”, avaliou o deputado.
Lula aponta 2022 como uma data-chave para o cumprimento de algumas metas do Brasil na área econômica, mas não informou se esse tempo é suficiente para mudar o status do país de "economia emergente" para "país desenvolvido".
O Brasil tem hoje cerca de 30 milhões de miseráveis sobrevivendo com até R$ 137 ao mês. No país, 10% dos brasileiros mais pobres recebem 0,9% da renda nacional, enquanto os 10% mais ricos ficam com 47,2%. Além disso, segundo a Unicef, seis milhões de crianças (10% do total) estão em condições de “severa degradação das condições humanas básicas, incluindo alimentação, água limpa, condições sanitárias, saúde, habitação, educação e informação”.
Com 53,9 milhões de pobres, o equivalente a 31,7% da população, o Brasil aparece em penúltimo lugar em termos de distribuição de renda numa lista de 130 países. É o que mostra estudo divulgado em abril pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Diante desses dados, Zenaldo também destacou que para acabar com a miséria seria necessário um orçamento que o país ainda não possui. “Seria preciso transformações radicais e um aporte financeiro que não temos. Essa previsão foi para um país irreal e não para o Brasil”, afirmou.
O deputado lembrou ainda das melhorias que o Brasil conquistou a partir do Plano Real e dos programas econômicos implantados no governo Fernando Henrique Cardoso. “Houve uma tendência de crescimento econômico e redução da miséria. Mas admitir a eliminação dela em 12 anos é mais uma precipitação do nosso falastrão presidente e não uma projeção com base nos indicadores econômicos e sociais existentes no próprio governo federal”, finalizou.
(Reportagem: Letícia Bogéa/ Foto: Eduardo Lacerda)
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6 de out. de 2010
Previsão fora da realidade
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