5 de out. de 2010

Defesa eleitoral

Para Tripoli, silêncio dos filhos de Erenice Guerra na PF confirma denúncias da imprensa

O deputado Ricardo Tripoli (SP) criticou o silêncio dos filhos da ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra em depoimento à Polícia Federal nesta terça-feira (5) em Brasília. Suspeitos de envolvimento em um suposto esquema de tráfico de influência no governo federal, Saulo e Israel Guerra se recusaram a responder as perguntas da PF sobre as denúncias por orientação da defesa.

Para Tripoli, a estratégia dos irmãos é ganhar tempo e adiar a apuração das denúncias para depois das eleições. “Eu não tenho dúvidas de que isso é um processo protelatório, simplesmente para ganhar tempo e não responder denúncias veementes contra eles”, disse.


O deputado, que é advogado, considerou a tese da defesa equivocada. O tucano lamentou que a legislação permita aos depoentes ficarem em silêncio durante esse tipo de convocação. Na avaliação do parlamentar, a postura dos filhos de Erenice confirma a culpa. “É uma tese errônea porque não demonstra defesa alguma, muito pelo contrário. Seria um ótimo momento para que eles pudessem explicar que as denúncias são infundadas. O fato de ficar em silêncio confirma o que já vem sendo denunciado pela imprensa”, avaliou o deputado.

Saulo é um dos proprietários da Capital Consultoria e Assessoria, empresa que está no centro das denúncias referentes ao período em que Erenice foi secretária-executiva da Casa Civil, braço direito da candidata do PT à Presidência, e depois ministra-chefe da pasta. A empresa de Saulo, da qual Israel era representante, utilizaria o posto estratégico da mãe deles para facilitar a negociação de contratos públicos com empresas privadas.

Convocado a prestar depoimento nesta segunda-feira (4), o ex-diretor dos Correios Marco Antônio de Oliveira passou cerca de quatro horas na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, mas saiu sem falar com a imprensa. Ele estava acompanhado do advogado Pedro Eloi Soares, que não disse se Oliveira respondeu às perguntas feitas durante o depoimento.

Marco Antônio é tio de Vinícius Castro, que pediu demissão do cargo de assessor da Casa Civil no dia 13 de setembro. Segundo reportagens da revista "Veja" publicadas em setembro, o ex-diretor dos Correios participava das negociações no suposto esquema. As denúncias culminaram com a saída de Erenice Guerra do cargo de ministra-chefe da Casa Civil, no dia 16 de setembro.

Estratégia de permanecerem calados


→ Na última sexta-feira (1º), o ex-assessor da Casa Civil Stevan Knezevics deixou a Superintendência da Polícia Federal sem prestar esclarecimentos aos agentes federais. O advogado de Stevan é o mesmo que defende outros dois envolvidos no caso – o também ex-assessor da Casa Civil Vinicius Castro e a mãe dele, Sônia. Ambos foram convocados para prestar depoimentos na última quarta-feira (29), mas também utilizaram o direito de não responder às perguntas da polícia.

→ Marco Antônio, Vinícius Castro, Stevan Knezevic e Israel Guerra teriam supostamente negociado contratos de empresas privadas com órgãos públicos e empresas estatais, mediante pagamento de comissão.

(Reportagem: Alessandra Galvão/Foto: Eduardo Lacerda)

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