Deputados do PSDB voltaram a criticar nesta quinta-feira (11) a falta de transparência e de fiscalização no processo de compra das ações do Banco Panamericano pela Caixa Econômica Federal (CEF). As fraudes contábeis da instituição controlada pelo Grupo Silvio Santos vinham sendo cometidas há pelo menos três anos, segundo apuração do Banco Central. Ou seja, quando a CEF adquiriu 49% do capital da instituição por R$ 739 milhões, em dezembro de 2009 e em julho deste ano, a maquiagem nas contas já existia. Mas nada foi detectado pelas auditorias contratadas pelo governo.
O rombo no Panamericano é de R$ 2,5 bilhões. O problema só estourou no mês passado, quando o BC descobriu que executivos da instituição fraudavam os balanços. Sílvio Santos negociou pessoalmente o empréstimo para socorrer o seu banco junto ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
Na avaliação do deputado Alfredo Kaefer (PR), o governo deve esclarecer as razões pelas quais a Caixa adquiriu 49% do capital. “Por que esse banco? Poderia ter sido qualquer outra instituição do mercado. Deve ser porque havia uma relação do grupo que controla o Panamericano com o governo. Certamente havia indícios de irregularidades e, por isso, coloco em dúvida se a Caixa já não sabia da situação anteriormente”, afirmou.
De acordo com o parlamentar, a CEF fez um mau negócio usando recursos públicos. “Isso é muito grave, pois é o dinheiro do contribuinte em jogo. A Caixa não poderia fazer um investimento tão duvidoso como esse, algo que se revelou um mau negócio”, criticou o tucano.
Já o deputado Luiz Carlos Hauly (PR) cobrou uma fiscalização do Banco Central e a punição dos responsáveis por eventual maquiagem dos dados do Panamericano. “A Caixa não pode pagar um mico desse. Cabe ao BC, como órgão fiscalizador, identificar se houve manipulação dos dados nesse processo. Alguns dizem que os números foram maquiados pelos produtos Jequiti”, ironizou Hauly, ao se referir à empresa de cosméticos do grupo Silvio Santos.
Em nota, o BC informou que a tarefa de fazer auditoria num processo de aquisição cabe aos contratados pelos envolvidos. Segundo reportagem do jornal “O Globo”, ficou claro que o trabalho de auditoria foi feito com números fornecidos pelo próprio Panamericano.
Demissão da diretoria ocorreu mais de um mês após a descoberta das fraudes
→ Com mais de 200 lojas e parceria com mais de 20 mil estabelecimentos comerciais, o Panamericano não é um “banco de conta corrente” e atua predominantemente como financeira. No fim de 2009, o banco informava ter 2,1 milhões de clientes com algum tipo de crédito contratado.
→ Embora as fraudes tenham sido descobertas há um mês, só na terça-feira (9) o Panamericano afastou os oito executivos que dirigiam o banco. Todos foram demitidos.
(Reportagem: Alessandra Galvão e Djan Moreno/Foto: Eduardo Lacerda)
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