21 de jun. de 2010

Acordo nuclear

Tucano afirma que governo Lula despertou do sonho de mediar acordo com Irã

O presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional na Câmara, deputado Emanuel Fernandes (SP), disse nesta segunda-feira (21) que o governo brasileiro finalmente despertou e desistiu de tentar mediar acordos com o Irã. Em entrevista ao jornal inglês Financial Times, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, informou que o Brasil decidiu não prosseguir à frente das negociações com o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad. Segundo o chanceler, o governo do presidente Lula queimou os dedos ao ir na contramão de Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido.

De acordo com Emanuel, o governo Lula achava que a negociação seria fácil. “Tenho a impressão que o governo acordou de um sonho que estava tendo. Eles achavam que seria um jogo fácil resolver essa questão do programa nuclear iraniano”, ressaltou.

“Há um perigo muito grande e a possibilidade de o Irã estar produzindo material para a obtenção de um artefato nuclear. Creio que baixou o bom senso do governo brasileiro. Sandália da humildade não faz mal à ninguém”, acrescentou o tucano.

Segundo Emanuel, o presidente Lula não aguentou a pressão e a irritação dos governantes, sobretudo dos países emergentes do Grupo dos Cinco (G5). “Finalmente o governo foi prudente. Aquela euforia dos representantes brasileiros em resolver o acordo sobre o programa nuclear iraniano cessou”, afirmou. O parlamentar disse, ainda, que o presidente Lula deveria ter atuado diplomaticamente, mas sem cantar vitória antecipada.
→ Pelo acordo, mediado por Brasil e Turquia e rejeitado pelos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, o Irã se comprometeu a enviar 1.200 quilos de urânio para ser enriquecido na Rússia e França. Há suspeitas de que o país use o combustível secretamente para a fabricação da bomba atômica.
→ O conselho da ONU, liderado pelos EUA, aplicou na última semana uma nova rodada de sanções contra o Irã. O país havia afirmado que continuaria enriquecendo urânio a 20%, mesmo com o tratado turco-brasileiro.

(Reportagem: Artur Filho/ Foto: Eduardo Lacerda)

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