27 de ago. de 2010

Critérios distorcidos

Plano Nacional de Banda Larga não vai garantir universalização da internet, alertam tucanos

Deputados do PSDB criticaram nesta sexta-feira (27) o anúncio do governo federal de que o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) vai começar por cidades onde o serviço já é prestado por empresas privadas e, em alguns casos, também pelo estado ou pelas prefeituras. Da relação das 100 primeiras cidades a serem atendidas, anunciada na quinta-feira (26) pelo presidente da Telebrás, 97, de acordo com informações das operadoras de telefonia, já têm o serviço.

Levantamento realizado pelo Diário Tucano/Rádio Tucana revelou que apenas 23 das 100 cidades a serem beneficiadas pelo programa estão sob o comando de partidos da oposição (PSDB, DEM e PPS). Os dados foram obtidos a partir do cruzamento dos municípios contemplados com a relação de prefeitos eleitos em 2008, divulgada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).


Especialista na área, o deputado Julio Semeguini (SP) considerou o critério utilizado pelo governo uma estratégia equivocada. Para ele, o serviço não vai garantir a universalização da banda larga.


O tucano acredita que o plano nacional é mais uma promessa do governo Lula. “O governo escolheu o caminho mais fácil de começar nas cidades onde já há o serviço. O grande desafio da banda larga no Brasil é a universalização e garantir que o serviço chegue a todos os municípios e a toda a população brasileira”, declarou.

O governo estima gastar R$ 600 milhões nessa etapa inicial. A Telebrás não irá levar o serviço para o consumidor final. Essa função será das operadoras e dos provedores, que venderão o serviço por um preço médio de R$ 35 por um pacote de 512 kbps. “As classes C, D e E precisam do apoio logístico do governo para que tenham condições de entrar no mundo digital”, defendeu o deputado Otavio Leite (RJ).

Na avaliação do tucano, o anúncio do governo é uma jogada eleitoreira às vésperas das eleições. “O anúncio gera uma expectativa. Do ponto de vista prático, é preciso que o governo defina prioridades sobretudo nos locais periféricos, distantes dos grandes onde a população precisa emergencialmente ter acesso à internet. Instalar um serviço onde já uma oferta não é a medida adequada”, ressaltou.

Benefício no lugar errado
→ Só duas cidades da Paraíba (Riachão e Dona Inês) e Lagoa D'Anta, no Rio Grande do Norte, de toda a lista, não têm provedor de banda larga.

→ As sete cidades de São Paulo a serem contempladas - Campinas, Guarulhos, Pedreira, Serrana, Conchal, Embu e São Carlos - têm banda larga oferecida pela Telefônica e por rivais.

→ Das 8 cidades do Estado do Rio selecionadas, 3 -Nova Iguaçu, Mesquita e Duque de Caxias- contam com acesso implantado pelo governo do Estado.

→ A cidade de Piraí, no Rio, foi um dos primeiros projetos de cidade digital do país (com o serviço oferecido pela prefeitura) e, aliás, inspirou Lula no projeto "Um Computador por Aluno".
(Reportagem: Alessandra Galvão e Lúcio Lambranho/Fotos: Eduardo Lacerda)


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