26 de ago. de 2010

Universidades de papel

Governo distorce dados da educação com fins eleitorais, condena Marinho

O deputado Rogério Marinho (RN) lamentou a atitude do presidente Lula ao afirmar na última terça-feira (24), em discurso em Dourados (MS), que seu governo criou mais universidades na história do país. Para Marinho, as declarações do petista tiveram claro objetivo eleitoreiro. “O PT já aparelhou a maioria dos movimentos sociais, as centrais sindicais e agora quer aparelhar a educação brasileira. Partidarizar a educação é muito ruim para a sociedade e para o ambiente democrático”, avaliou Marinho nesta quinta-feira (26).

Como mostrou nesta semana o blog do jornalista Reinaldo Azevedo, das 14 instituições de ensino que Lula disse ter criado, apenas quatro foram construídas durante a gestão do PT. A maioria das instituições classificadas como “novas universidades” nasceu de rearranjos de instituições, marcados por desmembramentos e fusões. E algumas universidades “criadas” ainda estão no papel.

Além disso, informações sobre o número de matrículas do MEC também desmentem a tese do presidente da República. A taxa média de crescimento de vagas nas universidades federais entre 1995 e 2002 (governo FHC) foi de 6% ao ano, contra 3,2% entre 2003 e 2008 (governo Lula). Só no segundo mandato de FHC, entre 1998 e 2003, houve 158.461 mil novas matrículas nas universidades federais, contra as 76 mil dos seis primeiros anos da gestão do PT.

Para Marinho, o discurso do presidente acabará prejudicando os jovens ao esconder as mazelas do ensino superior do Brasil. “Estamos formando gerações que terão dificuldades de se integrar ao mercado de trabalho por falta de capacitação e escolaridade”, ressaltou.

A população, afirmou o parlamentar, por estar mal informada não consegue ver que os números da educação continuam uma "tragédia". "O discurso é uma forma de esconder os graves problemas da educação. Houve pouco avanço nesse setor, mas a propaganda do atual governo tenta mostrar que o país atingiu o paraíso educacional”, afirmou.

Evasão escolar ampliada
→ Nos oito anos de governo FHC, as vagas em cursos noturnos, nas federais, cresceram 100%; entre 2003 e 2008, 15%. A Universidade Federal do ABC perdeu 42% dos alunos entre 2006 e 2009.

→ Ainda segundo o blog do Reinaldo Azevedo, o que aumentou muito no governo Lula foi a evasão escolar: as vagas ociosas passaram de 0,73% em 2003 para 4,35% em 2008. As matrículas trancadas, desligamentos e afastamentos saltaram de 44.023 em 2003 para 57.802 em 2008.

→ As universidades criadas por Lula são exemplos de precariedade. A Unipampa (Universidade Federal do Pampa) no Rio Grande do Sul, por exemplo, divide-se há quatro anos em instalações provisórias espalhadas em 10 cidades. Alunos e professores ficam zanzando entre os campi, onde faltam salas e laboratórios.

(Reportagem: Letícia Bogéa/Foto: Eduardo Lacerda)

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