26 de ago. de 2010

Gestão negligente

Infraestrutura é maior adversária do Brasil na Copa de 2014, afirma Alvaro Dias

Para o senador Alvaro Dias (PR), a infraestrutura é a maior adversária do Brasil nos preparativos para a Copa de 2014. Em pronunciamento no plenário do Senado, na última terça-feira (24), o parlamentar avaliou as principais dificuldades que o país irá enfrentar no setor e classificou de "negligente" a gestão do governo diante do desafio de sediar o campeonato mundial de futebol.

De acordo com o parlamentar, o governo precisa tomar precauções para que a atual situação não fique mais grave do que já está. “Os desafios do Brasil para realizar a Copa do Mundo de 2014 devem ser enfrentados a partir de dados da realidade. Não é mais possível discutir se o evento é bom para o país ou não. O governo brasileiro assumiu a responsabilidade e o Brasil tem que dar conta dessa tarefa”, enfatizou.

O senador revelou que o Tribunal de Contas da União (TCU) já fez um alerta sobre o "impressionante atraso" das obras. O temor do órgão, disse Dias, é acontecer uma repetição da experiência ruim dos jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro em 2007. O orçamento do evento passou de R$ 520 milhões, para R$ 4 bilhões ao final das obras, forçando o governo federal a assumir gastos a título de socorro emergencial.


Leia abaixo a análise feita pelo senador tucano em cada área da economia que precisa de ajustes urgentes para atender a Copa de 2014:

Caos em todos os setores
→ Hotelaria: De acordo com a FIFA, apenas o estado de São Paulo atende a exigência necessária de ter 32 mil quartos por cidade-sede e arredores. Nas demais eventuais sedes não há hotéis suficientes, além de faltar mão de obra capacitada para vagas a serem criadas no setor.

→ Aeroportos:
Apesar de estudos de órgãos do próprio governo apontarem que o setor aéreo brasileiro poderá entrar em colapso se não houver investimentos urgentes em aeroportos, as obras ainda caminham a passos lentos.
Os 10 principais aeroportos do país já operam acima da capacidade máxima, de acordo com estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Dos 20 principais terminais, 19 apresentam algum tipo de reparo por fazer em pistas, pátios ou estações de passageiros. Para o parlamentar, o problema não é falta de recursos, mas de capacidade do governo para investir: até junho, a Infraero gastou apenas 11% da dotação de investimentos autorizados para 2010. De R$ 1,5 bilhão previsto para o ano, só R$ 178 milhões foram gastos.

→ Estádios:
Nenhum estádio brasileiro atende a exigência da Fifa de contar com tribunas de imprensa, assentos numerados, vestiários para atletas, árbitros e gandulas e área próxima para a concentração de torcedores.
As arenas esportivas também não estão localizadas próximas de estacionamentos e hospitais, como pede a organizadora do evento.
→ Comunicação: Dias afirmou que não há nenhuma ação para melhorar a limitação presente na tecnologia 3G, que pode levar a rede à pane em locais onde multidões fazem ligações ou enviam fotos e vídeos via celular simultaneamente.

→ Rodovias e Portos:
De acordo com o senador, estradas que ligam cidades-sede estão em más condições e algumas delas não têm nem previsão de reparo. O Brasil ocupa o 127º lugar, entre 133 países, num ranking de qualidade de infraestrutura portuária. Fica atrás de países como Paraguai, Bangladesh e Nigéria, de acordo com pesquisa realizada pelo Fórum Econômico Mundial.

Segundo o estudo "Portos Brasileiros: Diagnóstico, Políticas e Perspectivas", do Ipea, o país tem cinco anos para evitar um apagão logístico caso o setor cresça entre 4% e 5% por ano. (Reportagem: Renata Guimarães / Foto: Agência Senado)
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