12 de ago. de 2010

Diplomacia isolada

Posição do governo brasileiro em relação ao Irã é incoerente e lamentável, diz Pauletti

Integrante da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, o deputado Professor Ruy Pauletti (RS) voltou a criticar o isolamento do Brasil diante das grandes nações e a aproximação do governo brasileiro com o polêmico regime iraniano. Contrariado, o presidente Lula assinou na última terça-feira (10) o decreto que expande as sanções do Conselho de Segurança da ONU contra o programa nuclear do país islâmico. O Brasil é membro não permanente do colegiado e votou contra a resolução pela quarta rodada de sanções contra aquele país. Essa proposta, contudo, teve a aprovação de outros 12 integrantes do conselho em junho último.


O tucano reprovou as declarações do chanceler Celso Amorim, para quem as sanções contra o Irã “são inoportunas e contraproducentes”. “O governo brasileiro continua afirmando que é contra as medidas, mas assinou o decreto. Essa situação é, no mínimo, ridícula”, condenou.

De acordo com Pauletti, a “dubiedade” do Ministério de Relações Exteriores e do presidente Lula são conhecidas internacionalmente. Para ele, a posição do governo brasileiro é “incoerente” e “lamentável”. O Brasil se aproximou nos últimos meses do Irã e defendeu que o país tem direito a um programa nuclear pacífico.

“É uma grande vergonha brasileira. A posição em relação ao Irã é incoerente. Fico admirado ao saber que o Brasil assinou o decreto e continue a dizer que era contra. Isso não faz sentido. É algo de quem não sabe conduzir a política externa”, criticou o parlamentar.

A nova rodada de sanções é uma punição pelo fato de o Irã manter enriquecimento de urânio em seu território, o que viola resolução anterior do Conselho. Com o decreto, fica proibida a venda para o Irã de armamentos pesados, como helicópteros, mísseis e navios de guerra. Além disso, haverá fiscalização de barcos com cargas suspeitas a caminho do país do Oriente Médio e vindos de lá, além do monitoramento de transações bancárias para evitar o financiamento de atividades nucleares.

Encontro com participação brasileira fracassou
Brasil e Turquia assinaram em maio um acordo com o Irã que estabelece a troca, em território turco, de 1.200 kg de seu urânio levemente enriquecido (a 3,5%) por 120 kg de combustível enriquecido a 20%, destinado ao reator de pesquisas médicas de Teerã. A iniciativa, contudo, foi ignorada pelas grandes potências por não incluir a exigência de que Teerã interrompesse o enriquecimento de seu urânio. Há suspeitas de que esse material possa ser usado para a construção de uma bomba atômica.

(Reportagem: Alessandra Galvão/Foto: Eduardo Lacerda)

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