2 de set. de 2010

Estado policial

Entre os prejudicados, estão quatro pessoas ligadas ao PSDB

A maioria das violações de sigilo que devem ser investigadas por uma eventual CPI aconteceram nos postos da Receita Federal em Mauá, na Grande São Paulo. Entre as cerca de 140 vítimas da bisbilhotagem criminosa estão quatro pessoas ligadas ao PSDB, inclusive o vice-presidente da legenda, Eduardo Jorge, além de Verônica Serra, filha do candidato à Presidência José Serra.

As declarações de Imposto de Renda dela foram acessadas indevidamente na agência de Santo André, também na Grande São Paulo, depois da apresentação de uma procuração com uma falsa assinatura de Verônica. A Receita confirmou ontem que a procuração era fraudada. Em maio, a revista "Veja" havia publicado reportagem que denunciava a confecção de material forjado contra ela.

Há fortes suspeitas de que as informações sobre o vice-presidente tucano foram parar em um dossiê supostamente forjado por membros da então pré-campanha do PT à Presidência. Em audiência realizada em junho no Congresso, o ex-delegado da Polícia Federal Onézimo de Souza confirmou que foi procurado para investigar o candidato do PSDB. Segundo ele, petistas ligados à pré-campanha presidencial lhe ofereceram R$ 1,6 milhão pelo serviço.

Apesar das declarações feitas pela candidata do PT de que seu partido quer tornar pública a verdade sobre os fatos, o governo federal, comandado por seu partido, resolveu agir para impedir que as vítimas da quebra de sigilo possam obter informações sobre as investigações.

Na segunda-feira (31) a Advocacia Geral da União (AGU) entrou com recurso na Justiça para suspender o acesso de Eduardo Jorge aos autos da sindicância da Corregedoria da Receita Federal. Uma liminar dá esse direito ao tucano. No Senado, a base governista também impediu a convocação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, para explicar o caso. (Reportagem: Djan Moreno)

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