13 de set. de 2010

Quatro anos de impunidade

Duarte Nogueira cobra conclusão das investigações sobre o escândalo dos aloprados

O deputado Duarte Nogueira (SP) criticou nesta segunda-feira (13) a demora na conclusão das investigações sobre o escândalo dos aloprados, que completou quatro anos nesse mês. Nenhum dos acusados de participação na compra de um falso dossiê contra tucanos foi denunciado pelo Ministério Público Federal. Além disso, três personagens envolvidos no escândalo continuam abrigados no PT. "É um desrespeito à sociedade, à democracia e às leis”, avaliou o tucano.

O termo “aloprados” foi dado pelo próprio presidente Lula para se referir aos companheiros envolvidos no escândalo. Além da impunidade, não se sabe sequer a origem do R$ 1,7 milhão que seria usado para comprar o dossiê. A ação corre em segredo na Justiça Federal em Mato Grosso. Após ser questionado pela revista “Veja”, o procurador federal responsável pelo caso, Mário Lúcio Avelar, afirmou que encaminhará ao Ministério Público Federal as acusações dos envolvidos na próxima semana.

Para Duarte
Nogueira, a opinião pública e a imprensa também precisam cobrar um desfecho para essas investigações. O tucano também reprovou a postura do PT diante do escândalo. “Essa é a marca registrada do PT: passar a mão na cabeça de pessoas que praticam irregularidades e se envolvem em denúncias gravíssimas”, afirmou o tucano.

O deputado também acredita que a história parece se repetir, como a quebra ilegal de sigilos fiscais de pessoas ligadas ao PSDB dentro da Receita Federal. “Só o enredo é modificado, pois as características são muito parecidas. E tudo isso para atacar aos adversários e desvirtuar a verdade dos fatos”, concluiu Duarte Nogueira.

Saiba qual é a situação de cada um dos “aloprados”:

→ Valdebran Padilha (Acusado de receber o pagamento do dossiê. A PF encontrou com ele R$1 milhão). De acordo com o jornal “O Globo”, é um dos principais acusados no episódio. Ainda possui ligações com políticos do PT e continua a se envolver com desvios de verbas. Em abril desse ano, Padilha foi preso pela Polícia Federal na operação Hygeia, que investigou desvio de verbas federais no Mato Grosso. Já está em liberdade.

→ Gedimar Passos (Acusado de pagar pelo dossiê. A PF encontrou com ele R$700 mil) É agente aposentado da Polícia Federal e vive com a família em um condomínio chamado Morada Nobre, em Brasília, segundo a revista “Veja”.


→ Hamilton Lacerda
(Ex-coordenador da campanha ao governo paulista do senador petista Aloizo Mercadante). Procurou a revista “IstoÉ” para divulgar o dossiê. É sócio de uma fazenda de eucaliptos na Bahia, avaliada em R$ 500 mil. Em 2006 saiu do PT, mas já retornou ao partido.

→ Expedito Veloso
(Ex-diretor do Banco do Brasil. Foi apontado como negociador da compra do dossiê pelo PT). Apesar de ter sido exonerado do banco, retornou às atividades da instituição no ano seguinte. Atualmente dirige a BB Previdência, programa que gerencia R$1,4 bilhão. Em resposta à “Veja”, afirmou que 90% do que foi dito é mentira.

→ Jorge Lorenzetti (Ex-churrasqueiro do presidente Lula. Era o "analista de risco e mídia" da campanha de 2006. Tentou empurrar o falso dossiê para a revista “Época”). Vive na sua casa de praia em Florianópolis e disse à revista que depois do ocorrido sua vida melhorou. Sua filha ganhou, em 2009, emprego na Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex).


→ Osvaldo Bargas
(Funcionário da campanha de Lula. Auxiliou Lorenzetti na divulgação do dossiê) Está aposentado. Sua mulher, ex-secretária da Presidência da República, foi realocada na Apex e seu filho tornou-se coordenador de esportes radicais da prefeitura de São Bernardo do Campo, também comandada pelo PT.


→ Freud Godoy
(Ex-segurança de Lula. Foi acusado de fazer conexão entre os “Aloprados” e a cúpula do governo). É dono de uma empresa de contraespionagem, a Caso Segurança. Diz representar empresários alemães e israelenses no Brasil. Continua filiado ao PT.

→ Darci Vedoin e Luiz Paulo Antônio Vedoin (Ambos são acusados de serem os líderes da máfia dos sanguessugas. Vendiam ambulâncias superfaturadas e ofereceram ao PT o falso dossiê). Os dois
vivem em Cuiabá e respondem a inúmeros processos por fraude em licitações. Darci afirmou que ainda tem muito a falar sobre o episódio. "Estou bem. Quando essa história acabar, me procura que tenho muito para conversar", disse o empresário.

(Reportagem: Renata Guimarães / Foto: Eduardo Lacerda)

Leia também:

Duarte Nogueira cobra medidas para proteger dados sigilosos

Lula e o PT mais uma vez se fazem de vítimas para não explicar um escândalo, diz Aníbal

Ouça aqui o boletim de rádio

Nenhum comentário: