20 de out. de 2010

Contratação comprometedora

Nomeação de envolvido com lobby na Casa Civil mostra uso do governo para fins privados e partidários, afirma Duarte

Para o deputado Duarte Nogueira (SP), os novos fatos revelados pela imprensa tornam cada vez mais difícil negar a relação da candidata do PT à Presidência com o esquema de corrupção e de tráfico de influência envolvendo a Casa Civil e outros órgãos vinculados ao Palácio do Planalto. Segundo reportagem da “Folha de S. Paulo” desta quarta-feira (20), o assessor Gabriel Laender, suspeito de ter participado do lobby na Casa Civil, foi beneficiado diretamente pela então ministra Dilma Rousseff para conseguir um cargo no governo.

“Por meio do jornalismo investigativo, temos toda a clareza de como o Estado brasileiro está sendo corroído. O mau uso das instituições escancara uma transgressão continuada do uso da máquina pública para benefício partidário, eleitoral e particular”, ressaltou Duarte.

Gabriel Laender é procurador no Espírito Santo e atuou como advogado da Unicel, empresa na qual o marido de Erenice Guerra era diretor. Ele foi convidado para trabalhar no governo em fevereiro de 2009, em convite assinado por Dilma. No pedido enviado à Procuradoria, a então ministra da Casa Civil pede que "seja examinada a possibilidade de colocar Laender à disposição da Presidência da República".

No ofício, consta que ele receberia comissão de R$ 6.843,76, uma das mais altas dentro da burocracia estatal, "sem prejuízo da remuneração e das vantagens" do cargo de procurador, cujo salário ultrapassa R$ 11 mil.


O tucano considerou o caso mais um absurdo entre os tantos já revelados pela imprensa. Além disso, cobrou do Ministério Público Federal a abertura de processo para investigar este novo episódio e punir eventuais culpados. “É a maldade sendo feita em prejuízo do interesse público com a chancela oficial e, ainda por cima, bancada pela população”, lamentou Duarte.

Em março de 2009, Laender assumiu cargo na Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), vinculada à Presidência. Foi do computador dele que partiram os acessos suspeitos com a senha de Vinícius Castro, ex-assessor da Casa Civil que era sócio na empresa de lobby dos filhos de Erenice.

Suspeito coordena projeto de banda larga do governo federal

→ Segundo reportagem do jornal "Folha de S.Paulo", após os acessos feitos por envolvidos no esquema no computador de Laender, o funcionário passou a trabalhar informalmente na Casa Civil. Continuava como servidor da SAE, mas dava expediente na Casa Civil. Dilma, então, intercedeu mais uma vez em favor dele. Conseguiu tirar Laender da SAE e o nomeou para a secretaria-executiva da Casa Civil, sob o comando direto de Erenice Guerra. Um cargo foi criado só para ele.

→ Foi Dilma quem assinou decreto em 13 de janeiro de 2010 que fez uma troca dentro do governo: transferiu um cargo da SAE para o Ministério do Planejamento, e vice-versa.


→ A nomeação do procurador foi assinada por Erenice, então secretária-executiva da Casa Civil. Ele é o único nome ligado à família de Erenice que sobreviveu no órgão após o escândalo. Atualmente, é um dos coordenadores do plano de banda larga do governo federal, "menina dos olhos" da gestão petista.


(Reportagem: Letícia Bogéa/ Foto: Eduardo Lacerda)

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