18 de out. de 2010

Escândalos sem fim

Entre as novas irregularidades, estão a contratação de acupunturista na Casa Civil e desvios em ministério

Parlamentares da oposição protocolaram nesta segunda-feira (18) um aditivo à representação encaminhada à Procuradoria Geral da República (PGR) no dia 14 de setembro em que pedem providências e mais agilidade na apuração das denúncias envolvendo a Casa Civil e as ex-ministras da pasta Dilma Rousseff e Erenice Guerra. O documento afirma que as revelações apresentadas pela imprensa apontam para uma “grande esquema de corrupção” que precisa ser investigado o quanto antes.

As reportagens denunciaram a intensificação do tráfico de influência na Casa Civil. Um dos casos citados é a descoberta da contratação do chinês naturalizado brasileiro Gu Zhou-Ji. Ele é assessor técnico do órgão federal desde o ano passado. Zhou-Ji, contratado pelo salário de R$ 4 mil, é filho do acupunturista de Dilma e do presidente Lula.


Na reportagem da revista “Veja”, Gu Zhou-Ji afirmou que fica à disposição da candidata do PT apesar de ser contratado para trabalhar na Casa Civil. “Eu espero o pessoal dela ligar e, quando chamam, nós vamos, eu e meu pai. Agora, durante a campanha, está um pouco corrido e depende de sobrar um tempinho na agenda dela”, declarou o funcionário.
Gu Zhou-Ji foi nomeado em outubro de 2009, quando Dilma ainda era ministra. A nomeação foi assinada pela então secretária- executiva Erenice Guerra, braço-direito da candidata do PT e que se demitiu depois das denúncias de tráfico de influência.

A representação da oposição afirma que não restam dúvidas de que o servidor fica inteiramente à disposição da candidata, dependendo, inclusive da agenda dela. O documento indica ainda que diante de tais fatos, a ex-ministra, mesmo totalmente desligada da administração pública, continua se utilizando da máquina do Estado para proveito pessoal.


A segunda denúncia envolve Maria Cristina de Castro, amiga e ex-companheira de cela durante a ditadura militar de Dilma Rousseff.
De acordo com reportagem divulgada no último dia 13 de outubro pela revista “Veja”, Maria Cristina é investigada pelo TCU por autorizar um contrato sem licitação que deixou um rombo milionário no Ministério de Minas e Energia. Os auditores do tribunal e técnicos do ministério acusam a assessora especial da pasta de conduta imprópria, desvio de dinheiro e de viajar ao seu país natal, o Uruguai, por conta dos cofres públicos. As suspeitas dizem respeito a um contrato de R$ 14 milhões, dos quais 5 milhões foram desviados.

O caso remonta ao primeiro ano do governo, quando Dilma baixou uma portaria concedendo “plenos poderes” para que a amiga coordenasse a modernização da área de informática do ministério.
Em vez de elaborar um plano, montar um projeto e licitar os serviços e produtos necessários, Cristina de Castro entregou tudo à fundação CpqD. E em outubro de 2003, a amiga de Dilma assinou o contrato de R$ 14 milhões sem licitação com a instituição.

O CpqD é uma fundação privada com sede em Campinas, que faz pesquisas, presta serviços de informática e que, segundo a “Veja”, é a entidade que dá mais trabalho aos auditores do TCU. E apesar do pagamento ter sido entregue integralmente à CpqD, os serviços não foram inteiramente prestados. O TCU apontou que não foram cumpridos os mais elementares requisitos formais nesse processo. Segundo o TCU, o ministério pagou R$ 4,8 milhões para a criação de um “sistema de acompanhamento”, que nunca entrou no ar. (Reportagem: Renata Guimarães, colaborou Alessandra Galvão)

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