22 de out. de 2010

Propina de R$ 40 mil

Depoimento de ex-piloto à Polícia Federal mostra tráfico de influência no governo Lula, diz Eduardo Gomes

O deputado Eduardo Gomes (TO) condenou nesta sexta-feira (22) a atitude de Israel Guerra, filho da ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra, de ter cobrado R$ 40 mil de propina do ex-piloto de motovelocidade Luís Corsini. Para o tucano, os novos fatos revelados ontem comprovam a existência de um esquema de tráfico de influência no governo Lula operado por familiares de integrantes do primeiro escalão.

De acordo com reportagem do jornal “O Globo”, Corsini afirmou nesta quinta-feira (21), em depoimento à Polícia Federal, que pagou essa quantia a Israel para conseguir um patrocínio de R$ 200 mil da Eletrobras em 2008. No ano anterior, o mesmo pedido havia sido rejeitado pela estatal, fato que revela a influência política dos familiares da ex-braço direito da candidata do PT à Presidência nas estatais.

“Com essas revelações, a população tem cada vez mais a oportunidade de não deixar que atitudes como essa fiquem impunes. Tenho a esperança de que o Brasil não tenha que assistir permanentemente a episódios semelhantes”, ressaltou Eduardo Gomes.

O ex-piloto disse ainda que se não fosse a ajuda de Israel, não teria recebido o patrocínio. Segundo o deputado, houve uma prestação de serviço remunerado ilegalmente por algo irregular, sob o patrocínio de pessoas envolvidas em um crime de corrupção.

Luís Corsini disse que pagou a "taxa de sucesso" de Israel em três parcelas. A primeira, de R$ 9 mil, teria sido entregue por meio de cheque assinado pelo presidente da Federação de Motociclismo do Distrito Federal. O dinheiro era parte do patrocínio recebido da Eletrobras por intermédio da federação. Corsini diz que fez o pagamento em agosto de 2008 e, logo em seguida, desembolsou mais R$ 11 mil em espécie. O ex-piloto sustenta ainda que dois meses depois, quando saiu a segunda parte do patrocínio, pagou mais R$ 20 mil a Israel.

"Repassei o dinheiro ao vivo e a cores"

→ Luís Corsini afirmou à Polícia Federal que no início de 2008, pediu sem sucesso, um patrocínio de R$ 200 mil à Eletrobras. O quadro só mudou depois que contratou os serviços de Israel por intermédio de um amigo comum, identificado apenas como Ralf. O filho da ex-ministra teria negociado o acordo na casa de Corsini. Uma semana depois, a Eletrobras aprovou a proposta rejeitada anteriormente. "Repassei o dinheiro ao vivo e a cores ao Israel na minha casa", sustenta o ex-piloto, segundo o jornal "O Globo".

Ano passado, depois que rompeu com Israel, o pedido de patrocínio foi rejeitado. Segundo Corsini, Erenice Guerra teria intercedido contra ele. O ex-piloto disse também que se desentendeu com Israel porque o filho da ex-ministra exigia pagamento à vista da "taxa de sucesso", eufemismo para propina. Ele disse que soube da suposta ligação de Erenice para a Eletrobras por meio de uma funcionária da estatal.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Foto: Eduardo Lacerda)

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