7 de mai. de 2010

Diplomacia controversa

Visita de Lula ao Irã é um erro e não trará resultados, alertam tucanos

O deputado Professor Ruy Pauletti (RS) alertou nesta sexta-feira (7) para a insegurança provocada pelo programa nuclear do Irã e criticou a viagem que o presidente Lula fará ao Oriente Médio neste mês. Integrante da Comissão de Relações Exteriores, o tucano afirmou que a iniciativa do governo não terá resultados. “Sem dúvida o Irã não atenderá a pedidos do Lula ou, se atender, vai apenas fazer de conta. A diplomacia brasileira está cometendo mais um erro ao visitar o país”, avaliou.

O objetivo do presidente brasileiro é estabelecer um diálogo com o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, diante das exigências da ONU sobre o programa nuclear com supostos fins pacíficos. Há fortes suspeitas de que o enriquecimento de urânio nesta república islâmica tenha como objetivo desenvolver armas nucleares secretamente.

Aliada ao Brasil, a França teme que o presidente brasileiro seja "enganado" durante sua visita ao Irã. O chanceler Bernard Kouchner acredita que Lula pode ouvir coisas que “não correspondem à verdade” sobre o programa nuclear iraniano. Segundo Pauletti, o presidente tem ciência de que poderá ser enganado, mas está buscando uma maneira de se promover. "O Brasil perderá como país”, reiterou o deputado, ao criticar a simpatia do governo do PT com países governados por ditadores.

Já o presidente da comissão, deputado Emanuel Fernandes (SP), afirmou que a iniciativa de Lula pode prejudicar o país. “É uma jogada de alto risco tanto para o presidente quanto para o Brasil. Todos estão alertando que o presidente do Irã não é confiável. Lula precisa tomar cuidado e ter dados concretos para não prejudicar a nossa reputação”, avisou.

Brasil está praticamente sozinho

Integrante permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a França pressiona por novas sanções contra o Irã. A convicção é partilhada pelos EUA e pelo Reino Unido e, em menor grau, pela Rússia.

→ A China, que vinha sendo o maior entrave para a aprovação da nova rodada de sanções, aceitou recentemente discuti-las. Isso deixou o Brasil na linha de frente da resistência às punições juntamente com a Turquia.

→ O presidente do Irã é um dos personagens mais controversos da cena política internacional. Entre as teses mais polêmicas defendidas por Ahmadinejad, estão a negação ao Holocausto e a defesa da extinção do estado de Israel.

(Reportagem: Alessandra Galvão/Fotos: Ag. Câmara e Eduardo Lacerda)

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