17 de jun. de 2010

Dossiê não era fantasia

Ex-delegado confirma ter recebido convite para elaborar dossiê contra Serra


Em audiência na Comissão Mista de Inteligência do Congresso nesta quinta-feira (17), o ex-delegado da Polícia Federal Onézimo de Souza confirmou que foi procurado para investigar o candidato do PSDB à Presidência, José Serra. Segundo ele, o convite foi feito por petistas ligados à pré-campanha de Dilma Rousseff que lhe ofereceram R$ 1,6 milhão pelo serviço. O líder da Minoria na Câmara, deputado Gustavo Fruet (PR), autor do requerimento para a realização da audiência, considerou o depoimento esclarecedor e defendeu que novas ações sejam tomadas em relação ao caso.

De acordo com Onézimo, em abril deste ano, durante reunião com os jornalistas Luiz Lanzetta e Amaury Ribeiro Jr, o empresário Benedito de Oliveira Neto e o ex-sargento do serviço secreto da Aeronáutica Idalberto Martins, o "Dadá", foi feito o convite para monitorar o comitê da campanha de Dilma, já que informações estavam vazando. Mas, o alvo principal das investigações seria o ex-governador de São Paulo e, por isso, Onézimo não aceitou a proposta.

Para Fruet, é necessário que as outras pessoas citadas também prestem esclarecimentos. O tucano defendeu investigações na Polícia Federal e no Ministério Público. “Já pedimos a abertura de inquérito na PF e no MP e uma auditoria no Tribunal de Contas da União e na Controladoria Geral. Além da questão do dossiê, existe uma outra ainda maior que diz respeito ao núcleo da campanha do PT e uma possível triangulação de financiamento eleitoral”, alertou.
O suposto dossiê seria pago por Benedito, que é dono da Dialog - empresa que presta serviços exclusivos para diversos órgãos do governo federal e faturou cerca de R$ 40 milhões em contratos com o Executivo nos últimos anos.

Além disso, há a suspeita de que Dadá ainda teria vinculo com o Estado. Fruet adiantou que, caso esse fato se confirme, a comissão deve convocá-lo. O tucano irá pedir informações à Aeronáutica para saber onde o ex-agente estava atuando e por que pessoas da área de inteligência são procuradas para esse tipo de atividade. Dadá também havia sido convidado para prestar depoimento à comissão mista, mas não se manifestou sobre o convite.


Onézimo confirmou que o deputado Marcelo Itagiba (RJ) também seria alvo da espionagem. O parlamentar resumiu o episódio como uma briga interna do PT que extrapolou os limites do partido para atingir adversários, entre eles, José Serra.

Para o senador Álvaro Dias (PR) , o depoimento de Onézimo serviu para elucidar algumas questões. “Ele assumiu que foi procurado para realizar espionagem política. A PF e o MP tem um instrumento a buscar que é a gravação. Não tenho dúvida de que esse material existe e que é sua carta na manga”, afirmou o tucano ao se referir às declarações do ex-delegado sobre a possibilidade de o encontro com os petistas ter sido gravado. Em entrevista, Onézimo afirmou que “se a gravação existir, ela será entregue na hora certa”.

A frase

“Onézimo ratificou o que já havia sido publicado, mas com detalhes. A operação foi abortada, mas ele confirmou que foi procurado por um grupo de pessoas que se dizia trabalhar em nome da campanha petista para fazer esse dossiê”.
Deputado Gustavo Fruet (PR)


→ De acordo com o ex-delegado, Luiz Lanzetta se apresentou a ele como representante do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, coordenador geral da campanha de Dilma.

→ A principio, a proposta feita a Onézimo era para que ele investigasse Rui Falcão e Valdemir Garreta, petistas suspeitos de vazar informações da campanha de Dilma, mas o pedido se estendeu para investigações sobre tucanos.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Eduardo Lacerda)

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