3 de set. de 2010

Cadê as providências?

Tripoli cobra medidas urgentes para evitar destruição do cerrado

O deputado Ricardo Tripoli (SP) cobrou do governo federal medidas urgentes de prevenção e fiscalização para evitar a extinção do cerrado. Segundo o tucano, as queimadas que atingem o país agravam a devastação deste bioma. Ainda de acordo com o parlamentar, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais havia alertado com antecedência para o problema. Mesmo assim o governo ignorou a questão e não tomou as medidas necessárias.

Segundo o estudo Indicadores de Desenvolvimento Sustentável, o cerrado já perdeu quase metade de sua vegetação. O levantamento do IBGE com dados até 2008 mostra que o desmatamento chega a 48%, com redução da cobertura original de 2.038.953 km² para 1.052.708 km². Segundo a pesquisadora da UnB Alba Rezende, ouvida pelo jornal "O Estado de S. Paulo", esse índice já estaria em 60%.

Com essas taxas, o nível de destruição já supera o da Amazônia, sendo que pelo menos 131 espécies de plantas e 99 de animais estão ameaçadas no cerrado. O IBGE alertou para o risco de extinção do bioma “em pouco tempo” nos estados onde o ritmo de desmatamento é mais acelerado - como Maranhão, Bahia e Mato Grosso - caso não sejam tomadas medidas de proteção.

“O nosso cerrado tem sido extremamente prejudicado. Não só a vegetação, mas os animais silvestres que habitam nessas florestas também estão sendo destruídos por violentas queimadas. E não tendo uma política específica de controle e fiscalização, fica difícil acabar com esse fogo que consome as florestas”, alertou.

Para o deputado, é preciso que verbas sejam destinadas aos órgãos competentes. “Os recursos devem ser direcionados para programas que impeçam que o fogo se alastre", recomendou. De acordo com o parlamentar, os organismos responsáveis não têm recursos suficientes para atender essa demanda.

Tripoli alerta que enquanto não houver preocupação governamental e não for tomada uma atitude séria de combate ao fogo, sempre haverá mais áreas desmatadas. Ele destaca ainda que esse é um patrimônio de todos os brasileiros, e não apenas dos habitantes do cerrado.

Apenas 3,2% da área é protegida por unidades de conservação

→ A pesquisa do IBGE mostra que apenas 3,2% da área total do cerrado é protegida por unidades federais de conservação, sendo 2,2% de proteção integral. Na Amazônia, a área protegida é bem maior: 16,8% e 7,9%, respectivamente.

→ As taxas de desmatamento são mais altas que as da Amazônia, onde houve redução do ritmo de destruição nos últimos cinco anos. No cerrado, entre 2002 e 2008, foram desmatados 85.074 km² - 4,18% da cobertura original.

→ Os estados que tiveram maior área desflorestada nesse período, em termos absolutos, foram Mato Grosso (17.598 km²), Maranhão (14.825 km²) e Tocantins (12.198 km²).

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Foto: Eduardo Lacerda)

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