15 de set. de 2010

Mídia, a "inimiga"

Duarte Nogueira critica ataques de José Dirceu à liberdade de imprensa

O deputado Duarte Nogueira (SP) criticou as declarações feitas por José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil do governo Lula, contra a imprensa nacional. Em palestra a sindicalistas em Salvador, o petista partiu para o ataque ao afirmar que “o problema do Brasil é o monopólio das grandes mídias, o excesso de liberdade e do direito de expressão e da imprensa”. O tucano classificou de “autoritário” o comportamento do ex-deputado do PT, cassado após o escândalo do mensalão.

“O Zé Dirceu adora o poder e gosta de restringir a liberdade do povo. Isso está estampado ao longo de toda sua trajetória, do seu mundo político e do seu comportamento antidemocrático. Portanto, a população precisa ter muito cuidado para não se deixar levar por esses encantadores de serpentes e, ao mesmo tempo, gente que não sabe conviver com a democracia e com a liberdade de imprensa”, ressaltou o tucano nesta quarta-feira (15).

Nogueira disse que o petista, ao atacar os veículos de comunicação, só demonstra a dificuldade para conviver com posições diferentes daquilo que ele pensa, quer e gosta. “Essa é uma postura que tende sempre a atitudes repressivas”, alertou.

O pensamento de Dirceu vai ao encontro do que muitos petistas já expressaram em entrevistas, seminários e congressos: a defesa de um nebuloso "controle social da mídia", termo que para especialistas não passa da tentativa de controlar a imprensa.

O deputado do PSDB lembrou ainda a polêmica provocada pela edição, pelo Palácio do Planalto, de um "plano de direitos humanos" prevendo, entre outros pontos, restrição à liberdade de informação. “Eles querem que o Brasil se transforme numa republiqueta a la Hugo Chávez, Evo Morales e Mahmoud Ahmadinejad, que são os amigos e simpatizantes do governo Lula e do PT”, resumiu, ao citar os presidentes da Venezuela, Bolívia e Irã.

No governo Lula, ataques à liberdade de informação

O ano de 2004 ficou marcado por duros ataques do governo do PT à liberdade de imprensa, sobretudo por causa de dois episódios de repercussão nacional e internacional: a tentativa de expulsão do Brasil do jornalista Larry Rohter, do "New York Times", em maio, e o apoio do governo à criação do Conselho Federal de Jornalismo (CFJ) ao enviar, em agosto, projeto de lei ao Congresso. A última expulsão de um jornalista estrangeiro do Brasil tinha ocorrido há 34 anos, durante o regime militar. Já o CFJ teria poderes de “orientar, disciplinar e fiscalizar” o exercício da profissão de jornalista e a atividade jornalística. Após forte resistência, a proposta foi enterrada pelos deputados.

A frase

"Diante das notícias negativas e dos questionamentos, os donos do poder reagem como de hábito: esquivam-se das perguntas, atacam a imprensa e comportam-se como se tudo não passasse de um complô que os dispensaria de dar explicações aos eleitores."
Trecho de editorial da Folha de S. Paulo desta quarta-feira, intitulado "Males a extirpar", com críticas à postura do governo Lula diante do contraditório.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Foto: Eduardo Lacerda)

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