15 de set. de 2010

Apuração de fachada

Para Zenaldo, investigação do governo sobre tráfico de influência na Casa Civil é "capenga"

O deputado Zenaldo Coutinho (PA) condenou nesta quarta-feira (15) a estratégia adotada pelo governo federal para tentar reduzir os impactos das denúncias contra a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra. Segundo o parlamentar, uma investigação de fachada, sob comando político do presidente Lula, foi montada para blindar a ministra. Isso permitiu que a acusada de tráfico de influência continue no cargo e se utilize dele para atacar a oposição, além de conseguir proteger seus familiares também envolvidos com o lobby ilegal. Para Zenaldo, a situação confirma, mais uma vez, a "promiscuidade entre o governo e o PT e entre interesses públicos e privados”.

Em nota divulgada ontem com o timbre da Presidência da República, a ministra tentou desviar o foco do problema de si própria e, em tom arrogante, culpou a oposição pelas acusações que pesam contra ela. Erenice chegou a classificar o candidato tucano à Presidência, José Serra, de "aético e já derrotado" e relacionou as denúncias contra ela e seu filho a uma "exploração político-eleitoral".

“É ridículo isso. Ela quer reverter o processo de apuração de um crime gravíssimo contra o interesse público e o dinheiro dos impostos do cidadão brasileiro em uma denúncia política vazia”, apontou Zenaldo. O tucano destaca que as denúncias feitas não partiram de nenhum integrante da oposição, mas “dos próprios beneficiados pelo esquema”.

No documento, a ministra também afirma ter solicitado à Corregedoria Geral da União (CGU) e ao Ministério da Justiça investigações dos fatos. Porém, momentos depois da divulgação da nota, o ministro da Justiça, Luiz Barreto, anunciou que o alvo do inquérito aberto pela Polícia Federal é apenas Israel Guerra, filho da ministra. “Isso é o que chamamos de investigação capenga”, afirma Zenaldo Coutinho.

De acordo com a revista "Veja", com o apoio da mãe, Israel comandava um esquema de lobby para atrair empresários interessados em contratos com o governo e cobrava uma taxa de sucesso de 6% sobre os valores dos contratos assinados. O esquema teria ocorrido no período em que Dilma Rousseff era a comandante da Casa Civil e Erenice ocupava o cargo de secretária executiva, considerada o "braço direito" da atual candidata do PT ao Planalto.

O deputado ressalta que Israel Guerra só poderia realizar o crime de tráfico de influência com a ajuda de quem estava no governo. “Portanto é um crime que envolve o rapaz e a ministra, aliás as ministras: a atual, Erenice, e a que estava no cargo quando os fatos ocorreram, a Dilma. Qualquer investigação só tem sentido se abranger o agente do lobby e as agentes do governo que atenderam o pedido em favor daquelas empresas”, disse.

Zenaldo destacou ainda que casos como esse tornaram-se corriqueiros no governo Lula e sempre acontecem “muito perto” do presidente da República. Segundo o tucano, a oposição está cumprindo seu papel de cobrar das autoridades uma apuração rigorosa e a punição efetiva aos culpados.“Nada mais justo que se denuncie isso e se espere uma reação: a punição dos envolvidos, e não de acobertamento, de disfarces e máscaras que em nada têm contribuído para a democracia brasileira”, concluiu. (Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Eduardo Lacerda)

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