O deputado Walter Feldman (SP) criticou o governo federal nesta segunda-feira (20) por não tomar medidas preventivas suficientes para conter o aumento do número de mortes em rodovias federais nos últimos oito anos. Foi registrado em 2009 o recorde de mortes em 12 anos. Em média, 20 pessoas perderam a vida por dia em acidentes nessas estradas de um total de 7.383 vítimas fatais, segundo dados do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Para o parlamentar, essa situação dramática mostra como o governo federal trata as atividades que deveriam beneficiar o cidadão.
Apesar do alto risco de mortes nas estradas federais já ter sido tema de auditoria especial do Tribunal de Contas da União (TCU) há quatro anos, a situação não melhorou. Na ocasião, o tribunal detectou que a causa dos acidentes era o baixo investimento nas rodovias, principalmente em sistemas de controle de velocidade. As estradas também foram consideradas ruins e mal policiadas pelo TCU. “É mais um fato revelador de como o governo trata algo essencial para um Brasil que, atualmente, transporta pessoas e cargas por péssimas rodovias”, avaliou o tucano.
Segundo dados da Assessoria Técnica do PSDB na Câmara, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) autorizou o gasto de mais de R$ 11 bilhões para o Dnit investir em 2010. Mas desde a última atualização dos dados, em 18 de setembro, apenas pouco mais de R$ 1 milhão (15,9%) foram aplicados até agora.
Para Feldman, essa ausência de investimento nas estradas federais pode ser classificada como um desrespeito à população. “É um descaso não apenas do ponto de vista econômico, mas principalmente do lado humano, pois essas más condições geram acidentes, mortes e lesões não apenas fatais, mas que deixam pessoas deficientes por conta desse descuido nas rodovias”, afirmou o parlamentar.
Estudo concluído em dezembro de 2009 por uma consultoria a pedido do próprio governo revela que o número real de mortes nas estradas a cada ano pode ser cerca de 20% maior do que revelam as estatísticas oficiais. Um dos motivos é que parte das mortes ocorre em hospitais e não é registrada. O levantamento mostra ainda outro aspecto mais alarmante: o salto no número de acidentes está sendo puxado por casos mais violentos, com vítimas. Entre 2003 e 2007 os acidentes de trânsito cresceram pouco mais de 20%, mas os acidentes com vítimas subiram 35%.
O Dnit afirmou ao jornal "Folha de S. Paulo" que desconhece as principais causas do aumento da violência nas estradas. A pasta citou estudos que atribuem à condição das estradas uma parcela de apenas 1% para o aumento do número de acidentes.
7.383
→ É o número de vítimas fatais nas rodovias federais em 2009 - aumento de 6% em relação a 2008, quando foram registradas 6.945 mortes. O índice do ano passado só perde para o de 1997, quando aconteceram 7.530 mortes nas rodovias da União.
→ A média continua em alta em 2010. Até junho, 4.068 pessoas já morreram. Os números são do Dnit, com base em dados da Polícia Rodoviária Federal e incluem todos os tipos de veículos e atropelamentos.
(Reportagem: Renata Guimarães / Foto: Eduardo Lacerda)
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