29 de out. de 2010

Tesoureiros do PT enrolados

Após aceitação de denúncia pela Justiça, Emanuel cobra punição a envolvidos no escândalo da Bancoop

O deputado Emanuel Fernandes (SP) elogiou nesta sexta-feira (29) a decisão da Justiça de São Paulo de ter acatado a denúncia do Ministério Público contra o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e mais cinco pessoas suspeitas de desviar recursos da Cooperativa Habitacional dos Bancários do Estado (Bancoop). Além disso, o Judiciário autorizou a quebra dos sigilos bancário e fiscal dos acusados.

Na avaliação do tucano, essa é mais uma comprovação de que o PT reiteradamente tem seus tesoureiros envolvidos em escândalos. Basta lembrar a atuação de Delúbio Soares, que ocupava o mesmo cargo quando estourou o mensalão, em 2005. Segundo o deputado, para evitar que casos semelhantes ocorram, é preciso apuração rigorosa e punição dos culpados.

“Os limites éticos do pessoal do PT, sobretudo os tesoureiros, estão sendo burlados por gente do próprio partido. Eles acham que se é por um partido podem faltar com a ética. É preciso dar um basta nisso”, ressaltou.

Reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo” destaca que a Justiça abriu a ação penal contra os acusados por formação de quadrilha, falsidade ideológica, estelionato e lavagem de dinheiro. De acordo com o Ministério Público, o tesoureiro do PT teria praticado esses crimes quando era diretor administrativo e financeiro da Bancoop de São Paulo, cargo que ocupou antes de assumir a presidência da entidade.

A decisão é da juíza Patrícia Inigo Funes e Silva, da 5ª Vara Criminal, que ordenou a quebra do sigilo bancário e fiscal de Vaccari no período entre janeiro de 2003 e fevereiro de 2010. A juíza acatou denúncia do promotor de Justiça, José Carlos Blat, que aponta supostos desvios de R$ 68 milhões dos cofres da Bancoop e prejuízos de R$ 100 milhões a cerca de 3 mil cooperados que não receberam unidades habitacionais.

O parlamentar disse que a denúncia mostra a gravidade da situação. “É preciso que o rigor da lei seja aplicado para evitar que isso aconteça com outras pessoas. Não é a primeira vez que esses atos ocorrem com tesoureiros do PT. Precisamos acabar com isso”, reiterou.

Patrícia determinou à Receita a apresentação de cópias das declarações do imposto de renda de Vaccari e de Ana Érnica, diretora-financeira da cooperativa também acusada do crime. A juíza pediu ainda ao Banco Central que informe a respeito de todas as contas bancárias, ativas e inativas, de titularidade do tesoureiro do PT e da diretora da Bancoop.

R$ 100 milhões
É o prejuízo sofrido por cerca de 3 mil cooperados que não receberam unidades habitacionais da cooperativa.

Entenda o caso
A Bancoop foi investigada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de São Paulo por apropriação indébita, estelionato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. As supostas fraudes milionárias teriam servido para alimentar campanhas político-partidárias.

Fundada em 1996, a cooperativa facilitaria o acesso, inicialmente apenas à categoria dos bancários, a imóveis a preço de custo, por meio de autofinanciamento. Sem que tenham recebido as chaves das unidades adquiridas, os cooperados reclamam do pagamento já efetuado e denunciam ser vítimas de pressão para a quitação das dívidas sob ameaça de terem o nome sujo na praça.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Foto: Eduardo Lacerda)

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