24 de mar. de 2010

Economia

Custo Brasil freia desenvolvimento da economia, alerta João Tenório

O senador João Tenório (AL) denunciou da tribuna do Senado Federal, nesta quarta-feira (24), o impacto negativo do Custo Brasil na economia brasileira. Ele destacou estudo da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), segundo o qual os preços dos insumos básicos, problemas de logística, custos de investimentos e de energia, burocracia e impostos não recuperáveis na cadeia produtiva, entre outros fatores que constituem o Custo Brasil, tornam os preços dos produtos nacionais 36,27% mais caros que os dos produtos fabricados na Alemanha e Estados Unidos.

No caso dos bens de capital, afirmou o senador, o impacto é ainda maior: o preço da produção nacional é elevado em 43,85% em comparação à produção dos outros dois países.
“O Custo Brasil compromete nossa competitividade no mercado externo e coloca em risco a retomada do nosso desenvolvimento”, argumentou João Tenório.

Somado ao câmbio valorizado, alertou o senador, o Custo Brasil também explica a concentração das exportações brasileiras em produtos primários e semimanufaturados, paralelamente ao avanço das importações de produtos de maior valor agregado e tecnologia avançada.

Citando dados da Abimaq, João Tenório frisou que a participação nacional no fornecimento de máquinas consumidas no país vem caindo ano a ano – hoje é de 55,1%, contra 62,2% em 2005. Também lembrou que o Brasil, que já foi o quinto maior produtor mundial de máquinas, hoje ocupa a 15ª posição no ranking internacional. O quadro é ainda mais grave, na opinião de João Tenório, pelo fato do setor de máquinas e equipamentos ser decisivo para impulsionar o desenvolvimento de qualquer economia.

O senador observou que a competição desigual tem levado muitos fabricantes de máquinas e equipamentos a deixarem de produzir no Brasil para importar e revender produtos asiáticos no mercado doméstico. “Esse processo de substituição foi detonado pela combinação fatal entre um Custo Brasil abusivo e uma taxa de câmbio explosiva não apenas para o nosso setor exportador, como para praticamente toda a indústria nacional”, ponderou.

O tucano fez questão de repetir declaração do presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto, segundo o qual “está havendo um processo de desindustrialização no Brasil”. Citou também o economista Júlio Sério Gomes de Almeida, assessor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, para o qual “corremos o risco de ver parte do setor produtivo ser transformada em montadora, numa indústria que só tem casca e cujo conteúdo vem de fora”.

O senador salientou que, para enfrentar a competição internacional, é imprescindível criar um ambiente propício ao investimento e que isso só será possível “no momento em que formos capazes de superar questões decisivas como a falta de investimentos em infraestrutura, o excesso de regulamentações, de burocracia e de encargos sociais e trabalhistas, o alto custo da energia, dos insumos básicos e da carga tributária”. Ele cobrou a adoção de uma política industrial efetiva e a aprovação de reformas de base, em especial de uma reforma do Estado e da reforma tributária. (Da assessoria do senador / Foto: Agência Senado)

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