1 de mar. de 2010

Entrevista

João Almeida defende “Ficha Limpa” e reforma eleitoral já


O líder do PSDB na Câmara, deputado João Almeida (BA), manifestou apoio ao projeto conhecido como "Ficha Limpa", mas considera que a inelegibilidade deve atingir políticos condenados em segunda instância, e não na primeira, como consta na proposta em análise na Câmara. Especialista no tema da reforma política, o parlamentar defendeu ainda a votação de mudanças no sistema eleitoral ainda neste ano.

Na entrevista concedida ao jornal "Hoje em Dia", o líder trata de temas como candidatura presidencial e política de alianças. Além disso, afirmou de forma enfática que o Bolsa Família é um consenso na sociedade e não será modificado. Leia abaixo os principais trechos.


Sintonia com a sociedade
Há grandes possibilidades do "Ficha Limpa" ser aprovado ainda neste ano, com as regras já valendo para as eleições em outubro. Temos a obrigação de fazer isso. Não podemos recusar um projeto de iniciativa popular que vai enriquecer a nossa legislação e melhorar o nosso processo eleitoral. No entanto, considero perigoso o impedimento de candidatura dos políticos condenados em primeira instância. Na Bahia, por exemplo, e em vários estados os juízes eleitorais são protagonistas do processo político e muitos não agem com a isenção devida. Eles têm preferência partidária e se aliam a quem está no poder. Por isso, em juízo colegiado a situação seria mais adequada.

Reforma eleitoral necessária
Várias coisas que se enquadram no quadro geral da reforma política foram feitas. Mas a reforma do sistema eleitoral, que é o coração dessa mudança, ainda não conseguimos executar. Pretendo retomar essa discussão por acreditar que esse é o melhor ano para fazer essa reforma, justamente por ser um ano eleitoral. Será útil realizá-la agora porque a formação de alianças para governar depois das eleições já levaria em conta o novo desenho eleitoral e poderia melhorar a qualidade dessas alianças. Venho conversando com os parlamentares e encontrei boa receptividade.

Candidatura na hora certa
Não acredito que o não lançamento da candidatura de José Serra tenha atrapalhado a campanha. Por mais que quiséssemos, não teríamos condição de fazer como a ministra Dilma Rousseff. Serra tem feito tudo o que pode: cuidar bem de São Paulo, concluir um governo com bons resultados e se preparar para o momento da campanha. O PSDB está cuidando das etapas preliminares. Anunciar que é candidato vai gerar demandas de candidato a alguém que ainda não é. O ajuste dos palanques estaduais já está sendo construído desde as eleições passadas, pois em política não se resolve nada sem antecedência. Quanto à chapa pura com Aécio Neves, acho possível. Nada mais esperançoso para o Brasil do que contar com uma chapa formada pelos melhores governadores do país.

Eleitor quer saber do futuro
Fernando Henrique disse que está disposto a fazer comparações na hora em que o Lula quiser. Se é tão importante, nada melhor que a discussão ser entre os dois titulares. Ao se negar a participar desse debate, Lula não deveria falar mais nesse assunto. Nós não temos nenhuma dificuldade em fazer essa comparação, mas achamos que isso é uma fraude. O eleitor não quer tratar disso, mas sim saber o que o próximo presidente vai fazer.

Bolsa Família é consensual
O Bolsa Família é um programa que resultou da junção de programas do governo FHC. A medida provisória transformada em projeto de lei diz que a legislação consolida os programas anteriores. Ninguém tem mais a ver com o Bolsa Família do que nós. O programa esta aí e é um grande consenso na sociedade. Ninguém vai mexer com isso.

DEM cortou na carne
Nossa aliança tem uma solidez fundada em outros princípios. O fato de um quadro ou outro sofrer um desgaste não vai interferir nela. Não há na história da política recente um ato que o partido tenha sido tão eficiente [como na crise no DF], a não ser nós mesmos quando expulsamos o José Roberto Arruda do PSDB após o escândalo da violação do painel do Senado. São dois episódios que exemplificam a tomada de decisões dos partidos. Já o PT continua aí com os mensaleiros. Ninguém foi posto para fora, e eles estão voltando. (Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: Eduardo Lacerda)

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