22 de mar. de 2010

Fruet

Em entrevista à Agência Câmara, líder da Minoria defende autonomia para agenda do Legislativo

Novo líder da Minoria na Câmara, o deputado Gustavo Fruet (PR) afirma que a oposição ao governo no parlamento não deve se restringir à agenda legislativa. Ele afirmou que também vai estimular ações e iniciativas de oposição fora do Congresso. Fruet ainda quer estimular a discussão sobre a necessidade de a agenda do legislativo não se submeter à do Executivo, especialmente em anos de eleições.

Agência Câmara - A sua liderança começa em um ano eleitoral. Como esse fato deve influenciar a sua atuação?

Gustavo Fruet - Este é um ano atípico que vai mudar a pauta da Câmara. O papel da Minoria é um contraponto à maioria e um contraponto ao governo. Nós temos que ter uma posição crítica em relação à forma como se dá o processo legislativo neste ano. A agenda do parlamento se submete de forma exagerada à agenda do Executivo. Na verdade, isso é um ataque à razão na vida política e na atividade do Congresso Nacional.

Agência Câmara - O líder da Minoria é hoje, na prática, o líder da oposição ao governo na Câmara. Como essa oposição deve ser exercida neste ano?

Gustavo Fruet - Devemos exercer, além do papel regimental da liderança, também o papel político. Nesse aspecto, teremos em vista não somente a agenda do Legislativo, mas, também e principalmente, a agenda do Executivo. Devo trabalhar em conjunto com o líder do PSDB, João Almeida (BA), mantendo o diálogo com o líder dos Democratas, Paulo Bornhausen, e do PPS, Fernando Coruja, para procurar influenciar em uma agenda positiva.


Agência Câmara - Quais são as ações previstas pela liderança da Minoria para as próximas semanas?

Gustavo Fruet - Desde já, eu e o deputado João Almeida decidimos propor representação ao Ministério Público para ter acesso aos dados, que não estejam sob sigilo, do depoimento do corretor Lúcio Funaro ao Ministério Público em São Paulo [o corretor acusa o ex-ministro José Dirceu de ter se beneficiado pessoalmente de negócios fechados por fundos de pensão sob controle do PT]. Também já fizemos um pedido ao Ministério da Previdência para ter acesso a informações sobre possíveis aplicações de fundos de pensão no Bancoop [cooperativa acusada de beneficiar caixa de campanha do PT nas últimas eleições]. Nos próximos dias, já compondo com os três vice-líderes, que serão os deputados Vanderlei Macris (PSDB-SP), Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) e Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), procuraremos estabelecer esse processo de posicionamento político da liderança em contraponto à maioria.

Agência Câmara - Em relação à distribuição de royalties do pré-sal, a Minoria prevê algum tipo de atuação?

Gustavo Fruet - Esse é um exemplo de crítica que temos em relação ao governo. Eles, que imaginavam estabelecer uma agenda muito positiva, acabaram criando uma enorme expectativa, que despertou ganância sobre possíveis novas receitas. Isso tudo gera um embate que, em vez de favorecer uma discussão sobre o futuro do pré-sal, pode se tornar uma Guerra das Malvinas no Brasil. Portanto, é esse tipo de posição que nós queremos ter também: mostrar que a agenda, se tem um lado majoritário, de prevalência do Executivo, ela tem também um viés eleitoral, que acaba por gerar uma falta de previsibilidade nas ações do Legislativo. (Reportagem: Carolina Pompeu)

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