21 de mai. de 2010

Pirataria ambiental

Roberto Rocha pede explicações a ministério sobre combate ao tráfico de água

O deputado Roberto Rocha (MA) quer explicações do Ministério do Meio Ambiente sobre as providências que serão tomadas diante de frequentes denúncias de contrabando de água e de peixes do rio Amazonas. Segundo o tucano, é enorme o interesse internacional pela fartura do líquido no Brasil, considerando-se que é mais barato tratar águas roubadas (US$ 0,80 o metro cúbico) do que dessalinizar águas oceânicas (US$ 1,50 o metro cúbico).

Levando-se em conta que cada embarcação tem capacidade para transportar cerca de 250 milhões de litros, o lucro obtido pelas empresas que atuam neste "mercado" é exorbitante. De acordo com Roberto Rocha, há ainda a possibilidade dessas embarcações estarem levando, junto com a água, peixes e outros organismos vivos.

Para o deputado do PSDB, se ficar comprovado que isso está ocorrendo de fato, é fundamental punir os responsáveis, inclusive por crime ambiental
. De acordo com o requerimento de informação assinado por Roberto Rocha, o órgão responsável por reagir contra a agressão aos recursos hídricos brasileiros é a Agência Nacional de Águas (ANA). Porém, a autarquia só pode agir após receber denúncia oficial da polícia marítima, que ainda não se manifestou.

Para o deputado, essa situação é desastrosa e pode trazer ao país consequências gravíssimas e irreparáveis. “Movidos pelo espírito amazônida e com a preocupação patriótica pela soberania nacional sobre recursos estratégicos limitados, pedimos explicações à ministra do Meio Ambiente sobre as providências que a ANA tomou para apurar a veracidade dos fatos e responsabilizar os envolvidos”, enfatizou.


As suspeitas


Segundo o deputado, duas denúncias de grande impacto foram apresentadas a respeito da hidropirataria na Amazônia. Uma delas foi divulgada em 2004 por meio de artigo na revista eletrônica www.eco21.com.br, que mostra a ação de grupos econômicos internacionais. Essas companhias contrabandeariam água retirada do rio por meio de grandes petroleiros. Segundo o artigo, o roubo é feito antes dessas empresas deixarem o território nacional para comercialização na Europa e no Oriente Médio.

Outra denúncia, dessa vez mais recente, veio da revista Consulex em texto sobre a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o mercado internacional de água. A reportagem revela que navios-tanque estão retirando sorrateiramente água do rio Amazonas. Há, inclusive, empresas internacionais que até criaram novas tecnologias para realizar a captação.

(Reportagem: Renata Guimarães / Foto: Eduardo Lacerda)

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