30 de jun. de 2010

Cortesia com chapéu alheio

Deputados criticam uso do dinheiro do trabalhador para auxiliar vítimas de enchentes

“O governo está fazendo gentileza com o dinheiro do povo”. Foi dessa forma que o deputado Luiz Carlos Hauly (PR) classificou nesta quarta-feira (30) a postura do presidente Lula em relação às vítimas das enchentes em Alagoas e Pernambuco. Ao analisar ações anunciadas pelo governo, o colunista da Folha de S. Paulo Jânio de Freitas alerta: da forma como está formatada a ação social do Palácio do Planalto, a vítima da catástrofe acabará ajudando a si mesma.

Isso ocorrerá porque o Planalto prometeu liberar aos flagelados o saque do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e a antecipação das aposentadorias do mês de julho. Mas como lembra o deputado, ao reforçar as palavras do colunista, o Fundo, a aposentadoria e as pensões não são dinheiro governamental, mas sim pertencem aos trabalhadores, que acumularam esses recursos nos cofres públicos como fruto do seu trabalho.

“O FGTS é uma poupança do trabalhador e deve ser utilizado em seu benefício, como na habitação. Nessa emergência, o governo deveria destinar mais recursos aos estados, e não usar o dinheiro do trabalhador”, protestou o tucano.

Hauly também chamou a atenção para as falhas gritantes do governo nas ações preventivas, o que piorou a situação nos dois estados nordestinos. Assim como o parlamentar pelo Paraná, o deputado Duarte Nogueira (SP) considerou inadequada a atitude do presidente e considerou falhas as ações federais de prevenção.

Como lembra o colunista da Folha, no caso do pagamento antecipado da aposentadoria e pensão, o beneficiado terá que repor, em 24 meses, o dinheiro que legitimamente é seu. E no que diz respeito ao FGTS, a "ajuda" permitirá apenas sacar o que a vítima da catástrofe teria a receber ao iniciar a aposentadoria. (Reportagem: Renata Guimarães / Fotos: Eduardo Lacerda)

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