1 de set. de 2010

Medo de investigar?

Manobra do governo barra ida de ministro ao Congresso para depor sobre violação de dados fiscais

O Palácio do Planalto mobilizou sua base aliada para barrar, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, a convocação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, para prestar esclarecimentos sobre o vazamento de dados fiscais do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, e de pessoas ligadas ao partido. Autor do requerimento, o senador Alvaro Dias (PR) afirmou que a manobra foi a constatação da hipocrisia. Ainda segundo o tucano, o governo faz muita encenação e procura sempre acobertar criminosos.

“Eles não querem convidar, mas sim enganar a todos nós. Não acreditamos mais no papai noel do governo. Querem apresentar um convite sem data determinada para fazer uma festa depois das eleições”, ressaltou, ao se referir à proposta feita pela Liderança do Governo durante a reunião da CCJ de apenas convidar Mantega a vir ao Congresso.

Ainda de acordo com Alvaro Dias, “nos subterrâneos do governo há criminosos da política que violam sigilo fiscal, afrontam a Constituição e ameaçam o Estado
Democrático de Direito”. Para o tucano, o governo parece conivente com essas práticas ao estabelecer a impunidade como regra. Além disso, o tucano aponta um padrão de comportamento da gestão petista nestes casos de violação ilegal: a prática de reconhecer o crime, mas não o criminoso.
Conforme lembrou o senador, há quatro anos houve quebras de sigilos de jornalistas, políticos e empresários, mas até hoje a sociedade não teve conhecimento do resultado das investigações. “Novamente quebram sigilo no período eleitoral. E não importa de quem, mas sim que isso é um crime. Se ficarmos passivamente assistindo a esse espetáculo promovido por marginais, estaremos empurrando o Brasil para o totalitarismo”, avisou.

O parlamentar do PSDB não acredita que haverá algum resultado das investigações antes das eleições. “Haverá embromação e enrolação. Eles vão 'dançar o rebolation' e não apresentarão resultado dessas investigações. Se apresentarem, serão parciais e insuficientes, como têm sido sempre”, resumiu. E diante do histórico petista, Alvaro faz um alerta: “Quem comete crime para chegar ao poder, crime cometerá para se manter no poder.”

Para ele, o governo Lula age para tentar apagar a hipótese de crime com interesse eleitoral. “Não há como excluir essa hipótese. As evidências nos levam a acreditar que há interesse político. É a busca de informação sigilosa para abastecer uma central de dossiês armada pelo comando de campanha da candidata do PT”, ressaltou.

(Reportagem: Letícia Bogéa/Foto: Eduardo Lacerda)

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