O deputado Renato Amary (SP) lamentou nesta quinta-feira (21) que mais uma vez a “péssima gestão” do governo federal provocará danos aos cofres públicos. O parlamentar se refere ao cancelamento dos dois últimos contratos da Master Top Linhas Aéreas (MTA), empresa envolvida no escândalo de tráfico de influência na Casa Civil, com a Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) por abandono das linhas de transporte de cargas postais. A empresa não opera desde 27 de setembro, o que obrigou a estatal a contratar substitutas por preços mais altos.
De acordo com reportagem do jornal “O Globo”, os detalhes do cancelamento do contrato foram acertados na última quarta-feira (20) por dirigentes dos Correios, que também calcularam o valor de multas à MTA e do ressarcimento pelos prejuízos. “Estamos vendo uma péssima gestão, marcada sobretudo por ações ilícitas, ilegais e que comprometem o dinheiro público", afirmou o tucano.
Para o deputado, a renovação do contrato da estatal com a MTA foi insensata, pois parecer elaborado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em novembro de 2009, já apontava para o risco de a empresa parar de prestar seus serviços por problemas de administração e endividamento. Mesmo assim, a agência renovou a concessão, que de acordo com as últimas denúncias só saiu graças à influência de Israel Guerra, filho da ex-ministra Erenice Guerra.
O advogado da MTA, Marcos Pagliaro, disse que com a crise na Casa Civil a empresa perdeu crédito com bancos e ficou sem capital, demitiu funcionários e renegociou dívidas com fornecedores. Apesar dos problemas, Pagliaro negou que a instituição fechará as portas ou irá retirar seus aviões do país, dando um calote na estatal. “Os planos são concentrar as atividades no mercado privado, mantendo-se longe de negócios com o governo”, afirmou o advogado à imprensa.
O favorecimento nos contratos da empresa de cargas com os Correios foi um dos motivos que levaram à demissão, em setembro de Erenice Guerra da Casa Civil e do coronel Eduardo Artur Rodrigues Silva da diretoria de operações dos Correios. Ele fazia parte da nova diretoria nomeada pelo governo em meio à crise administrativa que atinge a ECT. Sua exoneração aconteceu 24 horas depois do jornal "O Estado de S. Paulo" revelar que ele era “testa de ferro” do empresário argentino Alfonso Conrado Rey na MTA.
Amary enfatizou ainda que todos esses fatos comprovam que o atual governo se envolve cada vez mais em escândalos de corrupção ao colocar dentro dos órgãos públicos parentes e pessoas ligadas aos partidos políticos. “Vamos pagar um preço maior por uma incompetência administrativa que produziu um contrato sem compromisso com a ética e com a integridade do patrimônio público”, condenou o tucano. (Reportagem: Renata Guimarães / Foto: Eduardo Lacerda)
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