15 de out. de 2010

Risco de calote

Paulo Abi-Ackel defende suspensão de voos de empresa envolvida em escândalo na Casa Civil

O deputado Paulo Abi-Ackel (MG) defendeu nesta sexta-feira (15) o cancelamento dos voos da Master Top Airlines (MTA) e medidas jurídicas para proteger o patrimônio dos Correios. Pivô do escândalo que derrubou a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra e investigada pela Polícia Federal, a empresa aérea pediu autorização à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para fazer 30 voos charters para transporte de carga para Miami nos próximos três meses.

Segundo reportagem do jornal “Estado de S. Paulo”, essa solicitação pode ser o primeiro passo para que a MTA consiga retirar as aeronaves do país e deixar dívidas e multas no contrato com a estatal, que vem sendo descumprido desde o final de setembro.

Para o tucano, a autorização pode abrir a possibilidade de a empresa provocar um prejuízo ainda maior aos cofres públicos. “Espero que as autoridades, a agência reguladora e a Polícia Federal possam pedir judicialmente a proteção do bem público por meio de medidas que impeçam a saída dessas aeronaves do Brasil”, cobrou Paulo Abi-Ackel.

A MTA perdeu na Justiça o contrato de R$ 44,9 milhões com a estatal e desde 27 de setembro não está operando grande parte das linhas de transporte de carga aérea postal, o que tem rendido multas diárias à companhia. A empresa alega não ter dinheiro sequer para combustível e caminha para fechar as portas. O peruano Orestes Romero, que dirigia a companhia no Brasil, foi para o exterior desde o início da crise e não voltou mais. Para manter as entregas, a estatal brasileira é obrigada a comprar, a preços mais altos, espaço em aeronaves de concorrentes mediante pregões diários.

Segundo a Anac, o pedido da MTA será levado para as autoridades americanas, que decidirão a respeito da autorização. Oficialmente, a empresa tem o aval para fazer dois voos regulares de ida e volta para Miami por semana, com datas e plano de voo determinados para retorno.

A companhia aérea é acusada de obter contratos com os Correios por meio da intermediação ilegal de uma empresa dos filhos da ex-ministra. A polícia também investiga se os donos da MTA são "laranjas" do argentino Alfonso Rey, que vive em Miami. A legislação brasileira impede que estrangeiros controlem empresas aéreas.

Na avaliação de Abi-Ackel, a situação provoca insegurança no setor e revela que outros casos como este podem ter ocorrido no Palácio do Planalto. “Isso é apenas a ponta de um iceberg. Provavelmente muitos outros lobbies e tráficos de influência estavam sendo feitos no ambiente governamental, o que é muito grave”, disse o tucano. (Reportagem: Renata Guimarães / Foto: Eduardo Lacerda)

Leia também:
Ouça aqui o boletim de rádio

Nenhum comentário: