19 de out. de 2010

Enrolação

Para Tripoli, Casa Civil prorrogou investigação de tráfico de influência por razões eleitorais

O deputado Ricardo Tripoli (SP) criticou nesta terça-feira (19) o adiamento, por mais 30 dias, da conclusão das investigações da sindicância aberta na Casa Civil sobre as denúncias de tráfico de influência e outras irregularidades ocorridas durante a gestão de Erenice Guerra. Para o tucano, houve tempo de sobra para apurar os fatos antes do primeiro turno das eleições, o que não aconteceu. Agora, com a decisão do Palácio do Planalto de estender a investigação, os brasileiros não terão conhecimento da apuração antes do 2º turno.

"Não tenho dúvida de que o objetivo dessa medida é estritamente político, não administrativo. Prorrogaram o prazo para que as declarações dos envolvidos não sejam feitas antes do período eleitoral”, disse o tucano, ao se referir a eventual divulgação de explicações dos investigados no escândalo que derrubou a braço direito da candidata do PT à Presidência, Erenice Guerra. Para o deputado, a ampliação do prazo não tem sentido lógico, pois os envolvidos não apontaram nenhuma doença ou impedimento de ordem legal para esclarecer os fatos.

Até o momento, o Palácio do Planalto vem escondendo da sociedade o andamento das apurações internas. Questionada pela imprensa sobre quem foi ouvido até agora, a Casa Civil alegou que o trabalho é "sigiloso".
“Fica ruim para o governo tentar esconder o problema para debaixo do tapete", reprovou.

A decisão foi tomada pelo ministro interino da pasta, Carlos Eduardo Lima, que pediu mais tempo para finalizar
o inquérito com a alegação de que a averiguação ainda não foi concluída. A sindicância foi aberta em 17 de setembro e conta com a participação de três servidores da Casa Civil. Quando o inquérito for concluído, o resultado será apresentado ao ministro, a quem caberá decidir o que fazer. Ligada ao governo federal, a Polícia Federal também estendeu o prazo para a conclusão de suas investigações.

Familiares de ex-ministra teriam usado influência da mãe para fazer negociatas

Braço direito e sucessora de Dilma Rousseff na Casa Civil, Erenice deixou o comando da pasta em setembro após o surgimento de denúncias de corrupção e de tráfico de influência no Palácio do Planalto. Israel e Saulo Guerra, filhos da petista, são suspeitos de receber pagamentos de empresas para favorecê-las em negócios com o governo federal.

→ Para tentar esclarecer a situação com imparcialidade e rapidez, o PSDB e o DEM deram entrada na última segunda-feira (18), na Procuradoria Geral da República, com um segundo aditivo a uma representação entregue em 14 de setembro. A oposição pede providências e mais agilidade na apuração das denúncias envolvendo a Casa Civil e as ex-ministras da pasta Dilma Rousseff e Erenice Guerra. O documento afirma que as revelações apresentadas pela imprensa apontam para um “grande esquema de corrupção” que precisa ser investigado o quanto antes.

(Reportagem: Renata Guimarães / Foto: Eduardo Lacerda)

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