20 de ago. de 2009

Inclusão e preconceito

Câmara e sociedade civil avaliam a situação dos portadores de deficiência mental

A Câmara dos Deputados discutiu nesta quarta (19) e quinta-feiras (20) a integração de pessoas com dificuldades cognitivas na escola e no mercado de trabalho. No 1º Fórum sobre Deficiência Intelectual ficou claro que a integração social das pessoas especiais depende da sociedade.

“Não se faz inclusão por decreto. A igualdade está posta, e a lei até pune quem restringe. O acesso é outra coisa, é facilitar a condição de alguém. No entanto para você se sentir parte, sentir-se aceito, é um passo bem mais profundo”, pontuou o deputado Eduardo Barbosa (MG), que sugeriu o debate e um atuou como mediador no evento.

Médico e presidente da Federação Nacional das Apaes, o parlamentar lembrou de uma pesquisa recentemente concluída dentro das escolas brasileiras, que revelou o alto grau de preconceito da população brasileira em relação à essas pessoas (98%). “Ainda é preciso se trilhar um longo caminho até que no Brasil as pessoas especiais estejam, realmente, incluídas. Inclusão depende de atitudes”, disse.

Uma das convidadas, a especialista na área de pedagogia especial da Universidade de Brasília (UNB) Amaralina Miranda de Souza criticou a distância entre as reais necessidades dessa população e as políticas públicas que estão sendo aplicadas hoje em dia pelo Ministério da Educação. “Elas estão muito longe das necessidades práticas dessas pessoas. Veja, estamos em um fórum importante e não há ninguém do governo aqui, eles não estão realmente interessados em ouvir. Falta vontade política. A gente vê muito discurso, muita propaganda”, criticou.

Para Eduardo Barbosa, apesar de referência para outras, a legislação brasileira precisa ser aperfeiçoada. E exemplificou. “Temos uma lei de cotas e ela é até cumprida por boa parte dos empresários. No entanto, continuamos a ter preconceitos dentro da própria lei. O deficiente que é escolhido para trabalhar é um pouco surdo, ou tem apenas uma leve deficiência na visão. Deficientes intelectuais nunca têm vez nesse processo”, argumentou.

O evento foi promovido pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias em conjunto com a Federação Nacional das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apaes) e reuniu professores, pais e mães de deficientes, além de especialistas. (Regina Bandeira/foto: Eduardo Lacerda)

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