21 de set. de 2009

Situação trágica

Recuo do analfabetismo é pífio diante do desafio brasileiro, diz Rogério Marinho

Integrante da Comissão de Educação da Câmara, o deputado Rogério Marinho (RN) classificou de "pífia" a redução de apenas 0,1 ponto percentual no índice de analfabetismo no país. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) 2008, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de analfabetismo entre pessoas a partir de 15 anos passou de 10,1% em 2007 para 10% em 2008. Os dados mostram ainda aumento no número absoluto de analfabetos adultos, que subiu de 14,136 milhões para 14,247 milhões.

Mais atenção às séries iniciais - “Esse recuo é pífio diante do tamanho da tarefa de erradicar de vez o analfabetismo no país. O problema persiste porque não corrigimos a base, medida fundamental para termos uma condição diferenciada no Brasil. Devemos nos preocupar principalmente com a pré-escola e as quatro primeiras séries do ensino fundamental”, recomendou Rogério Marinho. Em sua avaliação, a educação não está tendo atenção suficiente do governo.

O levantamento do IBGE traz outros dados preocupantes, como a taxa de analfabetismo funcional, ou seja, o percentual de pessoas que reconhece as letras mas não entende o que lê. O índice registrou leve queda: de 21,8% para 21%. A Pnad contabilizou 30 milhões de analfabetos funcionais dentre as pessoas a partir de 15 anos. O estudo também constatou o analfabetismo em crianças em idade escolar (10 a 14 anos), que já deveriam ter aprendido a ler e escrever. Entre elas, o índice alcançou 2,8% do total de brasileiros nessa faixa etária. A redução é 0,3 ponto percentual em relação aos dados de 2007.

Na avaliação de Marinho, a situação é trágica. “A metade das crianças na quarta série do ensino fundamental encontra-se em estágio crítico de alfabetização. Estamos reproduzindo um modelo que vai gerar um grande contingente de analfabetos funcionais”, alertou. A PNAD apontou ainda disparidades regionais. O índice de analfabetismo no Nordeste, por exemplo, é de 19,4% - quase o dobro do nacional.

O ministro da Educação, Fernando Haddad, admitiu que se a redução da taxa de analfabetismo na população maior de 15 anos mantiver o mesmo ritmo registrado em 2008, o Brasil não conseguirá cumprir o acordo de reduzir pela metade a taxa de analfabetismo até 2015, chegando a 6,7%. O acordo foi assinado em 2000 durante a Conferência Mundial de Educação, ocorrida em Dacar (Senegal). (Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: Eduardo Lacerda)

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