22 de out. de 2009

Declaração infeliz

Tucanos: Lula despreza a ética ao defender suas alianças

Parlamentares tucanos lamentaram nesta quinta-feira (22) as declarações do presidente Lula à "Folha de S. Paulo", em especial a evocação a Jesus Cristo e Judas para justificar a política de alianças. Além disso, o petista minimizou a crise no Senado e o apoio dado ao ex-desafeto e atual presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). Para o senador Alvaro Dias (PR) e o deputado Silvio Lopes (RJ), ficou claro mais uma vez que a defesa da ética é algo de pouca importância para Lula.

Falta de seriedade - “Esse tipo de aliança, que ele acha normal, é a mesma que levou ao mensalão, ao escândalo dos cartões corporativos e muitos outros. É fruto da relação de promiscuidade de Lula com os partidos e parte do Congresso. Infelizmente o presidente já disse que ética é secundária e que o discurso da ética não leva a lugar nenhum”, criticou Alvaro.

Ao fazer uma analogia usando personagens bíblicos, Lula disse que o político que concorresse hoje não teria como montar um governo "fora da realidade política", ou seja, fazendo uma ampla coalização. E que se Jesus Cristo estivesse vivo e Judas conquistasse uma votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar o seu reconhecido traidor para um aliança política. A declaração foi prontamente rebatida pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ao lembrar que Cristo não se aliou aos fariseus.

“O presidente resolveu ser superior a tudo e a todos. Lamento que ele tenha perdido aquilo que se chama ética na política. Ele desrespeita as leis e não dá a seriedade necessária para o momento. Ele precisa agir como um presidente da Republica de fato, e não como um sindicalista”, cobrou Lopes.

Com relação ao Senado, Lula disse que apoiou a permanência de Sarney no cargo por “segurança institucional” e por medo de que os oposicionistas transformassem o país em um “inferno”. “O que a oposição faria é exatamente o contrário. Ou seja, restabelecer o conceito do Senado e trabalhar para melhorar a imagem da instituição. Quem queria a mudança no Senado era a sociedade, e não a oposição. Mas o presidente almeja um Legislativo fragilizado, e não uma Casa independente”, refutou Alvaro.

A viagem ao sertão nordestino para fazer palanque em uma obra praticamente parada no rio São Francisco também foi minimizada por Lula. O presidente fez pouco caso do acampamento de luxo montado em Pernambuco, com direito a uísque e outras iguarias pagas com dinheiro público. Em suas palavras, a “oposição está nervosa porque eu inauguro obras”. “O presidente não tem apreço às leis. Dinheiro público é público, tem que ser gasto com parcimônia e critério. Mas ele acha que a máquina pública deve ser usada a seu favor”, criticou o deputado Vanderlei Macris (SP). (Reportagem: Rafael Secunho/Foto: Ag. Senado)

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