5 de nov. de 2009

Liderança desperdiçada

Indefinição do governo pode comprometer Brasil em Copenhague

Parlamentares do PSDB temem que o governo brasileiro não estabeleça uma meta para a redução de gases de efeito estufa para apresentar na Conferência de Mudanças Climáticas da ONU (Cop-15), que ocorrerá em dezembro na Dinamarca. Com forte atuação na área ambiental, os deputados Antonio Carlos Mendes Thame (SP) e Ricardo Tripoli (SP) afirmaram que a indefinição do Planalto pode comprometer o desempenho do país em propor políticas de mudanças climáticas. A um mês da realização do evento em Copenhague, o presidente Lula afirmou que não vai apresentar uma meta própria “porque não quer dizer ao mundo o que fazer”.

Histórico positivo no lixo - Em entrevista à Rádio Câmara nesta quinta-feira (5), os tucanos disseram que o importante papel desempenhado pelo Brasil na Conferência das Nações Unidas em 1992 – mais conhecida como Rio 92 - e na construção do Protocolo de Kyoto, em 1997, pode não se repetir agora.

O governo brasileiro está indo para Copenhague sem uma definição. Os ministérios não se entendem e acabam jogando na lixeira da história a liderança que o Brasil desempenhou em 1992 e em 1997 e que poderia voltar a desempenhar agora, unindo os países a assumir uma meta de diminuição de emissão de carbono”, criticou Mendes Thame, ao alertar que o planeta caminha para "o limiar de uma tragédia".

Tripoli também chama a atenção para a necessidade de o Brasil ser um indutor de políticas públicas na área ambiental. "O Brasil corre o risco de chegar a Copenhague com uma carta de boas intenções, o que é um tremendo absurdo. Enquanto não há definição do governo, o desmatamento vai avançando. Lembro ainda que o país teve uma participação efetiva nas conferências anteriores. E agora? Vamos para Copenhague sem uma meta?”, questionou.

A Rio 92, que reuniu 108 chefes de Estado, resultou na articulação da comunidade internacional para a questão do aquecimento global. Já o Protocolo de Kyoto, assinado em 1997 no Japão, estabeleceu a redução da emissão de gases estufa por diversos países.


Na última terça-feira (3), em reunião com ministros e com integrantes da comissão que irá a Copenhague, Lula adiou para 14 de novembro a decisão sobre eventual meta. No dia seguinte, o presidente admitiu que o governo não baterá o martelo em torno de um índice, como o defendido pelo Ministério do Meio Ambiente, que pede a redução de 40% nas emissões de dióxido de carbono até 2020.

Na avaliação do deputado Nilson Pinto (PA), o governo não está preparado para definir uma política consistente. “O Planalto não consegue definir uma posição clara, transparente e altiva. O maior problema está no desencontro de opiniões. O governo não tem unidade e por isso não consegue demonstrá-la externamente”, reprovou. (Reportagem: Alessandra Galvão/ Fotos: Ag. Câmara

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