20 de jan. de 2010

Instabilidade

Ações de Chávez podem prejudicar comércio no Mercosul

Parlamentares do PSDB alertaram que as recentes ações do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de desvalorizar a moeda do país e de ameaçar nacionalizar lojas, podem prejudicar o comércio entre os países do Mercosul. Sob a alegação de impulsionar a economia com o aumento das exportações e redução das importações, Chávez criou duas cotações do dólar, medida com potencial para estimular a inflação.

Insanidade - Integrante da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, o deputado Renato Amary (SP) avalia que as atitudes revelam o autoritarismo do presidente venezuelano. “Essa decisão mostra que o país vizinhio está à deriva. É um absurdo esse tipo de ação por parte do poder público vinda de um governante que tende à insanidade”, condenou.

O deputado Antonio Carlos Pannunzio (SP) vê a situação com preocupação. “As medidas prejudicam as possibilidades do comércio exterior entre os países. Chávez esbanjou dinheiro com governos falidos e movimentos subversivos e hoje a Venezuela está a beira da insolvência”, criticou.

Ainda segundo ele, seria um erro a aprovação do ingresso de um país como a Venezuela no Mercosul, já que ali o governo se mostra instável e antidemocrático. "Movido pela simpatia ideológica com Chávez, o governo brasileiro passou por cima de tudo isso e forçou uma aprovação que criará problemas aos países do bloco”, avaliou Pannunzio.

Entenda - Chávez estabeleceu o sistema de câmbios distintos – uma taxa para produtos de primeira necessidade e outra para demais artigos. Na semana passada, mais de 600 estabelecimentos comerciais tiveram suas portas fechadas temporariamente por elevação dos preços de diversos produtos e por supostamente "incorrer na especulação" após a desvalorização da moeda local.



O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Eduardo Azeredo (MG) , concorda. “É a confirmação de que estávamos certos quando dissemos que não era o momento de aprovar a entrada da Venezuela no Mercosul. Isso vai dificultar as transações no bloco. Como será possível fazer transações em moeda direta com um câmbio artificial?”, questionou Azeredo, ao jornal Correio Braziliense.

A medida pode ter efeito negativo para os países do Mercosul, que está prestes a aprovar o ingresso da Venezuela. Para isso, falta apenas o aval do Congresso paraguaio, já que Brasil, Uruguai e Argentina já se manifestaram a favor da entrada.

Chávez anunciou no último domingo (17) que vai nacionalizar a cadeia de hipermercados Exito, do grupo francês Casino, sob a acusação de elevação dos preços. Ele pediu também a retomada do processo que trata do shopping Sambil La Candelaria, em Caracas. O local deverá ser expropriado. (Reportagem: Alessandra Galvão com agências/ Fotos: Du Lacerda)

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