O deputado Duarte Nogueira (SP) alertou para a ausência de investimentos públicos em infraestrutura e de estímulos à indústria no país. Da tribuna, o tucano criticou a falta de ações capazes de induzir o crescimento econômico e afirmou que o Brasil está indo na contramão de países em desenvolvimento, já que os outros três integrantes do chamado "Bric" - Rússia, Índia e China - têm estimulado a indústria, além de investirem maciçamente em infraestrutura.
Desvantagem perigosa - De acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, entre as 11 maiores economias do mundo, o Brasil é a que possui a menor taxa de investimento (percentual do PIB destinado à construção e à ampliação da capacidade de produção): 17,52%. Na China, por exemplo, esse índice era de 40% em 2007. “É uma situação que poderá trazer sérias consequências à economia nacional e colocar o Brasil em desvantagem entre esses países”, alertou o deputado.
Conforme lembrou, enquanto China e Índia produzem manufaturas para os mercados globais, o Brasil prioriza matérias-primas. O tucano alertou ainda para um processo local de desindustrialização e da prioridade à produção das chamadas commodities (bens primários). "Podemos ter um modelo bem-sucedido como produtor de commodities, mas o ideal é ter um sistema de desenvolvimento balanceado. Podemos exportar as matérias primas e os produtos industrializados e, assim, ganhar competitividade”, explicou.
De acordo com ele, os dados da balança comercial apontam para uma situação que precisa ser revertida: o país tem importado mais e exportando menos. De 1º de janeiro a primeira semana de março, enquanto o valor médio diário das exportações cresceu 24,7% em relação ao mesmo período do ano passado, o das importações subiu 30,3%. “Embora o governo desconverse, esse e outros elementos confirmam que o processo de desindustrialização está em curso. Hoje, compramos lá fora o que podemos produzir aqui”, lamentou.
O parlamentar acredita que bens como automóveis, partes e peças de bens de consumo duráveis têm todas as condições para serem produzidos no Brasil e abastecer o mercado interno sem necessidade de importação. Entre os entraves apontados por Duarte, está o chamado custo Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ), a mesma máquina produzida no Brasil ficaria 36% mais cara do que se fosse montada na Alemanha ou nos Estados Unidos por motivos como a elevada carga tributária.
“A negligência na discussão de uma melhor política industrial e de fortalecimento de nossa indústria reduz empregos e gera consequências graves para esse setor e para o próprio balanço de nosso comércio exterior”, apontou. O deputado afirmou ainda que é necessário e possível compensar a perda de competitividade decorrente da valorização do Real com investimentos em infra-estrutura e acesso preferencial a mercados como os Estados Unidos e a Europa. (Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Ag. Câmara)
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