5 de mar. de 2010

Ferramenta arcaica

Cadastro de pessoas desaparecidas é insuficiente, alerta Andreia Zito

Relatora da CPI do Desaparecimento de Crianças, a deputada Andreia Zito (RJ) alertou para as limitações do Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas, lançado no último dia 26 pelo governo federal. Na opinião da tucana, além desse banco de dados ser insuficiente, a gestão do presidente Lula tem tomado somente medidas paliativas para enfrentar esse grave problema social.

Planalto precisa agir - “Esse banco criado é uma ferramenta arcaica, nada mais que uma maquiagem sobre um cadastro que já existia há mais de 10 anos e que registrou, em 2009, apenas 117 crianças e adolescentes desaparecidos no país inteiro. Ao mesmo tempo, as organizações sociais que lidam solitariamente com o problema já falavam em 40 mil desaparecimentos por ano. É uma disparidade muito grande”, apontou.

A criação do cadastro ocorreu, inclusive, por insistência da CPI, que cobrou das autoridades do governo um controle maior dos desaparecidos. Mas o banco de dados ficou bem aquém das expectativas, segundo Andreia. “O cadastro será alimentado pelo Sistema de Informação das Secretarias de Segurança Pública dos Estados, o Infoseg, que dizem funcionar on line. Mas vivemos num país em que muitas delegacias não possuem sequer computadores, onde os boletins são feitos ainda em máquinas de escrever”, alertou.

A tucana, mais uma vez, cobrou do Planalto um tratamento desse problema com mais altivez e seriedade. Andreia Zito lamentou que no Brasil o banco de dados destinado a localizar veículos roubados seja mais eficiente que um destinado a vidas humanas. “O tratamento que o tema pessoas desaparecidas' tem recebido neste país é vergonhoso. A polícia está despreparada para lidar com o assunto, não há capacitação profissional, não há delegacias especializadas, não há estratégia de busca. Não há nada”, finalizou. (Reportagem: Rafael Secunho/Foto: Eduardo Lacerda)

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